SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A limpeza do Monumento às Bandeiras, ao lado do parque Ibirapuera, e da estátua do Borba Gato, em Santo Amaro, pode levar até duas semanas.
As obras amanheceram pichadas na manhã desta sexta-feira (30), por razões ainda desconhecidas.
Às 7h, os primeiros funcionários da equipe de limpeza terceirizada contratada pela prefeitura chegaram ao Ibirapuera para tentar apagar as marcas de tinta deixadas por suspeitos ainda não identificados.
No Monumento às Bandeiras, obra de granito de Victor Brechet (1894-1955) de 50 metros de comprimento e 16 de altura, os suspeitos usaram um compressor de jato de tinta.
O tipo de pedra, muito porosa, dificulta a remoção da pintura, afirma Luis Morgado, supervisor de serviços da Soma, empresa responsável pela limpeza.
Segundo ele, a tinta fica incrustada na pedra, tornando o trabalho difícil e demorado. Até às 16h, cerca de 10% da limpeza havia sido concluído.
“A partir de agora o trabalho vai ficando cada vez mais lento, porque a tinta vai secando cada vez mais”. Por esse motivo, ainda não há previsão para que a limpeza seja finalizada. Segundo Morgado, ela pode levar mais de uma semana.
Cerca de 20 pessoas participavam da operação próximo ao parque Ibirapuera, entre ajudantes, motoristas, fiscais, gerentes e guardas municipais.
Um caminhão equipado com um cesto aéreo e uma mangueira de água de alta pressão, um caminhão pipa e uma van da guarda municipal ocupavam a praça onde a obra fica localizada.
A complexidade e o número de trabalhadores chamava a atenção de quem transitava pelo local. A maioria parava para observar e tirar fotos.
“Não dá para entender esse tipo de atitude, que prejudica um patrimônio, uma obra de arte. Há outras formas de se expressar”, diz Enos Oliveira, 25. Ele estuda ciência da computação e tem o hábito de pedalar pelo local.
Rodrigo Fabri, 27, economista, também demonstrou indignação: “Isso é vandalismo, não é protesto”, disse.
O processo de limpeza consistia na aplicação de um solvente de alta potência com pincéis, seguido de jatos de água de alta pressão para remover a tinta, feitos por um trabalhador suspenso pelo cesto aéreo. Como o cesto comporta apenas uma pessoa, e há somente um trabalhador para operá-lo, a limpeza é feita por partes. A rotina precisa ser repetida várias vezes para que a cor seja retirada por completo.
A 8 km dali, na estátua Borba Gato, na zona sul da cidade, o trabalho é ainda mais complexo. Na estátua, os suspeitos não usaram o jato de compressão, e sim ovos enchidos de tinta, que foram atirados contra Borba.
Cinco caminhões são utilizados para a limpeza: um com um cesto aéreo, com alcance menor que o usado no Ibirapuera, dois caminhões antares equipados com mangueiras, um caminhão pipa com 5 mil litros de água utilizada na limpeza e o veículo que levou os 18 funcionários até o local.
O escultor Julio Guerra (1912-2001) trabalhou seis anos na execução da estátua, revestida de pedras coloridas de basalto e mármore, resultando em um mosaico tridimensional com cerca de 13 metros de altura.
O uso da força da água comprimida para remoção da tinta é limitado na estátua, já que o aparelho de limpeza pode acabar danificando o mosaico. Morgado, que trabalha na Soma há 4 anos, diz que em 2015 a equipe demorou duas semanas para limpar por completo a estátua vandalizada por pichadores. Na época, foi utilizada uma tinta acrílica, que é mais difícil de ser removida que a látex.