Quando se fala em cocô, existe vergonha e receio pela maioria da população, mas essa conversa deveria ser algo normal e habitual, principalmente por ser uma forma de entender a saúde do organismo do paciente. A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) indica que aspectos das fezes como consistência, cheiro, coloração e formato devem ser observados para verificar se há algo que não está funcionando bem no intestino. 

O mais importante é que todo e qualquer tipo de secreção que nosso corpo expele precisa ser observado, não só as fezes. Outros excrementos como a urina também precisam ser analisados em termos de cor e odor, explica Tomazo Franzini, diretor da Sobed.

Ele reitera que o cocô pode revelar dizer como está o funcionamento geral do intestino e também como está a absorção dos nutrientes de acordo com a consistência, odor e formato das fezes. Franzini revela que as fezes consideradas normais são caracterizadas como fezes cilíndricas, compridas e com aspecto macio. Isso indica que ao passar pelo intestino tiveram um bom trânsito e nenhum tipo de obstrução que atrapalhasse a passagem.

Franzini, que é endoscopista digestivo, alerta que as fezes indicam se a ingestão de nutrientes for em baixa quantidade, além do consumo de água, que é extremamente importante e ajuda com que a massa fecal fique numa consistência mais amolecida.

Pessoas que fazem pouco consumo de água e fibras, encontradas nas frutas, verduras e saladas, acabam evoluindo com fezes ressecadas, em formato de bolinhas endurecidas, conta. Além disso, alteração do calibre das fezes é uma das primeiras indicações de câncer de intestino.

Ao olhar as fezes é indicado analisar também seu formato, caso o intestino tenha uma obstrução as fezes, ao passarem por ela, se moldam àquela região e ficam mais afiladas, o que indica estreitamento de alguma parte do intes tino. Nesses casos, o exame da colonoscopia é fundamental para o diagnóstico feito de forma rápida e indolor.


O segundo cérebro do corpo

Com cerca de 100 milhões de neurônios conectados à região cerebral, diversos estudos e teses científicas apontam o intestino como o segundo cérebro do corpo humano. O órgão, que é dividido em delgado e grosso, é um dos mais importantes redutos de produção da seratonina (cerca de 80%), o neurotransmissor responsável por nossas sensações, tanto físicas, quanto emocionais.

Por isso, seguir uma alimentação saudável é indispensável para o funcionamento correto dessa substância no organismo.

Em um trecho do seu livro “O Cérebro Desconhecido”, o Helion Póvoa, um dos maiores estudiosos no assunto, enfatiza a importância do bom funcionamento do intestino para a sensação de bem-estar e relaxamento e salienta o trabalho da boa alimentação para isso.

O intestino é responsável pela absorção da maioria dos nutrientes (função do intestino delgado) e pela absorção da maior parte de água (função do intestino grosso) no organismo. Em seu trabalho normal, os alimentos devem percorrer todo o sistema digestivo a uma velocidade metabólica ideal, para que a massa alimentar e o bolo fecal não fiquem retidos (em qualquer parte do seu trajeto) mais do que o tempo necessário. Alimentos ricos em fibras como cereais, verduras e frutas, além da muita hidratação (cerca de 2 litros de água), devem ser ingeridos diariamente.

A inclusão de alimentos com probióticos, encontrado em iogurtes, leite e derivados, contribui para fortalecer o sistema imune, regular o intestino e melhorar a absorção de muitos nutrientes da alimentação, também são fundamentais.

Além disso, a higiene alimentar e a higienização dos intestinos também são essenciais à prevenção e à reversão dos quadros de distúrbios emocionais e problemas mentais.


O que cada formato e cor do cocô indica na saúde

Formato
– Cocô em bolinhas: indica falta de fibras e líquidos.
– Cocô comprido, cilíndrico e com rachaduras: indica que as fezes permaneceram muito tempo no cólon. Além disso, é necessário consumir mais água e frutas.
– Cocô comprido e com algumas rachaduras na superfície: considerado normal, mas pode indicar princípio de desregulação nos processos intestinais. Beba mais água.
– Cocô comprido, macio e em formato cilíndrico: tipo de fezes ideal. Indica bom transito intestinal.
– Cocô com gotas macias e divididas: aponta carência nutricional e desidratação. Coma mais legumes cozidos, grãos, aveias e frutas.
– Cocô totalmente líquido: indica diarreia. Beba bastante líquido, evite alimentos gordurosos e fique de repouso.

CORES
Verde
A causa comum é diarreia. O consumo recente de antibióticos, ingestão de alimentos e bebidas verdes ou ingestão de ferro também pode deixar as fezes nessa cor. Comum em bebês que só se alimentam de leite materno.

Preta
Sangramento no trato gastrointestinal alto – esôfago, estomago ou duodeno. Pode indicar também consumo de medicamentos ou suplementos de ferro.

Amarelo
Infecção intestinal, má digestão, doença celíaca ou em decorrência de alimentação rica em gordura.

Branca ou clara
Podem indicam sinais de doenças como hepatite, cistos hepáticos ou cirrose.

Vermelha (com sangue)
Indica doenças com sangramentos ativo mais comumente do trato intestinal baixo que podem incluir: hemorroidas, divertículos, colite e tumores.

Cor saudável
O ideal é que seja marrom, ainda que existam diversas variações e tons que também pode ser saudáveis como verde e amarelo.