Uma matéria publicada pela BBC Brasil mostra um problema que parece normal, mas que todos nós já nos perguntamos. Por que cortar o dedo com uma folha de papel dói tanto.

Não existe muita pesquisa científica voltada ao estudo da dor causada por cortes provocados por papel. Especialmente porque seria difícil encontrar voluntários para se submeter a este tipo de tortura. Mas a dermatologista Hayley Goldbach, da Universidade da Califórnia, diz que os conhecimentos de anatomia humana podem explicar muita coisa.

Trata-se de uma questão de nervos: para começar, as pontas dos dedos contam com muito mais receptores de dor do que várias outras partes do corpo. Pode ser irritante se cortar com papel no braço ou no tornozelo, mas isso não se compara à dor experimentada na ponta dos dedos.

E isso faz todo o sentido em termos evolucionários. “As pontas dos dedos são como exploramos o mundo e executamos tarefas mais delicadas. A existência de muitas terminações nervosas por lá é uma espécie de mecanismo de defesa”, explica Goldbach.

É aceitável raciocinar que o cérebro dedicaria mais estruturas neurais para monitorar de forma mais contínua ameaças às mãos, já que elas são o principal veículo do corpo para interagir com o mundo.

Papel — A olho nu, pode parecer que os lados do papel são retos e suaves. Mas um zoom mostra que têm mais a ver com uma serra do que com uma lâmina. Então, quando um papel corta sua pele, deixa para trás um rastro caótico de destruição em vez de uma laceração simples. O papel rasga e esfarrapa a pele em vez de apenas cortar, como faria uma lâmina.

Os cortes são fundos o suficiente para penetrar a primeira camada da pele, que não tem terminações nervosas. Mas não tão fundo assim, o que torna paradoxal a razão de doerem tanto. Mas é exatamente por isso que os cortes de papel são tão “ameaçadores”. Uma ferida mais profunda resultaria em sangramento maior. O sangue coagularia e formaria uma casca, sob a qual a pele se curaria.