SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para Danilo Santos de Miranda, gestor cultural e diretor do Sesc São Paulo, a gestão brasileira da cultura ainda precisa superar questões como a sobreposição da cultura erudita em detrimento da popular. “Do ponto de vista do que está sendo realizado hoje no nosso país, é um processo de amadurecimento em que os campos da cultura e da educação têm muito a evoluir. É uma coisa que incomoda”, comenta.
Danilo participa nesta sexta (21), a partir das 14h (horário de Brasília), dos Library Talks, na ONU em Genebra, espécie de mesa-redonda na qual será discutido o papel da arte e das instituições cultuais hoje. Completam o time de oradores Charles Beer, chefe do braço cultural do governo de Genebra, Adam Szymczyk, diretor artístico da mostra Dokumenta 14 (Kassel, Alemanha), Regina Dunlop, embaixadora do Brasil em Genebra, e Barthélémy Toguo, fundador do Bandjoun Station Project, em Camarões.
Segundo o diretor do Sesc São Paulo, trata-se de uma reunião não oficial, mas a ação de intercâmbio teria um caráter de política cultural.
O convite veio de Adelina von Fürstenberg, presidente da ART for the World e que já havia trabalhado com o Sesc na exposição AquiÁfrica, realizada no ano passado no Sesc Belenzinho -de acordo com o diretor, as duas instituições também planejam um novo projeto para 2017.
Em Genebra, o gestor cita o educador Paulo Freire e defende integração da cultura com a educação. “Espero que superem a divisão que existe hoje entre o erudito e o popular, como se esses campos fossem absolutamente antagônicos. Tem que permitir que as manifestações culturais de todos sejam consideradas do mesmo padrão, do mesmo nível, do hip-hop à ópera”, diz.
Com relação à atuação do governo de Michel Temer no campo da cultura, Danilo afirma que “ainda não percebo com clareza o caminho que está sendo tomado”. Mas manifestou-se em maio passado, quando do anúncio do fim do Ministério da Cultura: escreveu um artigo na Folha em que defendia a necessidade da pasta.