GABRIEL MASCARENHAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O episódio exposto pela Operação Métis não foi o primeiro em que o ex-senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA) solicitou à Polícia Legislativa uma varredura em imóveis ligados a ele. Em 2008, quando ocupava uma cadeira no Senado, ele pediu que os policiais fizessem uma inspeção para verificar se os telefones do seu gabinete e de sua residência estavam grampeados.

O ofício, assinado pelo chefe de gabinete de Lobão Filho à época, foi endereçado ao diretor da Polícia Legislativa, Pedro Carvalho, preso nesta sexta (21) pela Polícia Federal. O documento chegou à Polícia Legislativa no dia 14 de agosto daquele ano, data em que Lobão Filho virou réu em uma ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal). O processo era resultado de um inquérito aberto para apurar se Lobão Filho tinha participação no funcionamento de uma TV Pirata no Maranhão.

A investigação começou no Ministério Público Federal naquele Estado, mas foi remetida ao Supremo em 7 de julho, quando Lobão Filho já havia assumiu o mandato de senador e passado a ter foro privilegiado. Ele era suplente de seu pai, senador Edison Lobão (PMDB-MA), que, na ocasião, se licenciou para assumir o Ministério da Minas e Energia. Como Lobão Filho deixou o Senado em 2010, quando seu pai retomou o mandato, o caso foi devolvido à Justiça do Maranhão.

No documento de 2008, o servidor solicita a Pedro Carvalho: “a atenção de vossa senhoria em determinar providências no sentido de autorizar a varredura nas linhas telefônicas deste gabinete e do seguinte endereço (a casa do parlamentar, no Lago Sul, em Brasília)”. Carvalho está preso por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, ao realizar inspeções em buscas de escutas telefônicas e ambientais em imóveis de quatro políticos.

O serviço que embasou a prisão foi feito em endereços ligados a Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fernando Collor (PTC-AL) e aos ex-senadores José Sarney (PMDB) e Edison Lobão Filho (PMDB). Na avaliação do advogado do ex-senador, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a solicitação feita oito anos atrás só corrobora que pedidos como esse são usuais e, por isso, não há motivo para ensejarem qualquer tipo de suspeita.

Para a defesa, tal serviço é obrigação da Polícia Legislativa e não tanto os policiais quanto os senadores não podem ser incriminados. “É extremamente perigoso criminalizar solicitações dessa natureza porque qualquer cidadão tem o direito de saber se está sendo investigado e grampeado. É obrigação da Polícia Legislativa atender a esse tipo de pedido”, disse Kakay. Questionado, o advogado afirmou que não lembra se a varredura foi feita naquela ocasião.