SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou nesta sexta-feira (21) que a aproximação com Índia, devido ao seu “potencial de complementaridade com o Brasil”, foi o principal destaque da viagem com o presidente Michel Temer nesta semana.
“É um mercado imenso e com o qual o Brasil tem um potencial de complementaridade, seja na indústria de alimentos ou aeronáutica”, afirmou Serra, após evento com empresários em São Paulo.
O ministro disse que os países avançaram muito, mas ressalvou que as mudanças efetivas têm outro ritmo.
“Em matéria de gigantes demográficos e econômicos, as coisas não acontecem de um mês para o outro. Mas já nos próximos meses teremos um acordo de liberação comercial com 500 produtos com a Índia, o que já representará um avanço grande. Vamos caminhando também na assinatura de um acordo de facilitação de investimentos brasileiros na Índia e o inverso, dando mais segurança e criando melhores condições para isso.”
Segundo ele, a Índia é um país estratégico. “Dentro dos Brics, hoje, a Índia é, sem dúvida, o país mais chamativo para nós.”
Questionado sobre as dificuldades em alavancar acordos multilaterais, Serra disse já ter conversado com o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo.
“Eu sou defensor do multilateralismo, como ele também. Mas não pegou. O presidente da OMC não vai sair dizendo isso, mas o fato é que não caminhou porque as principais estrelas do comércio internacional livre, que são Inglaterra e Estados Unidos, não embarcaram nele. Então é muito difícil você imaginar que o multilateralismo esteja na ordem do dia. Para nós seria bom, mas é um problema prático. Não vamos nos amarrar nos entendimentos bilaterais, esperando o multilateralismo. Vamos continuar trabalhando. Se chegar o multilateralismo, está ótimo”.
Serra também comentou sobre a prisão do ex-presidente da Câmara, o deputado cassado Eduardo Cunha, negando preocupação com uma eventual delação de Cunha.
“O quadro político para mim é questão de maioria no Congresso, perfil das propostas, há muita coisa para ser votada no Congresso”, disse.
Serra evitou comentar a movimento do Banco Central para redução da taxa de juros e a possibilidade de prévias no PSDB para a disputa pela presidência em 2018, assunto que ele diz considerar um “debate muito prematuro”.