DIOGO BERCITO MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) decidiu neste domingo (23) que irá se abster na votação no Congresso pela formação do próximo governo da Espanha. O gesto sinaliza que o país está prestes a sair da paralisia política que já dura dez meses.

A decisão, já esperada, foi tomada durante um comitê federal dessa sigla com 139 votos a favor e 96 contra. Os espanhóis foram às urnas em dezembro de 2015 e em junho deste ano. Em ambos os pleitos nenhum partido conseguiu reunir as 176 cadeiras necessárias para formar um governo, e seus líderes tampouco foram capazes de entrar em acordo entre si para uma aliança.

Parte do desafio é explicado pelo surgimento de novas forças políticas, como o partido de esquerda Podemos. O país tem sido governado por Mariano Rajoy como premiê em exercício, em um Executivo de funções limitadas. Não é possível, por exemplo, aprovar o Orçamento para o ano que vem.

O PSOE vinha se recusando à abstenção que, no Congresso, poderia permitir um governo minoritário do conservador PP (Partido Popular), de Rajoy. A postura causou dano à imagem do partido, visto como um dos responsáveis pelo impasse. O desgaste interno levou, neste mês, à saída do então secretário-geral socialista Pedro Sánchez. O rei Felipe deve reunir-se com os líderes dos partidos nos próximos dois dias e, previsivelmente, dar outra chance para que Rajoy forme um gabinete. Com a abstenção do PSOE, é possível que a Espanha tenha enfim um governo em plenas funções.

É possível que os debates em torno do governo de Rajoy comecem já na quarta-feira (26), com uma primeira rodada de votação no dia seguinte. Nesta etapa, o PSOE deve votar pelo “não”. Mas, no próximo sábado (29), espera-se que o partido socialista cumpra a decisão de abster-se e permita que o governo minoritário do PP seja formado com os apoios da sigla Cidadãos (centro-direita) e da Coalizão Canária.

O calendário não está a favor de lentas negociações. Se o impasse não for resolvido até o final do mês, o país necessariamente volta às urnas em meados de dezembro. A decisão deste domingo de abster-se no Congresso foi justificada, entre as fileiras socialistas, como uma maneira de evitar essas terceiras eleições, durante as quais o partido poderia perder ainda mais votos -nos últimos dois pleitos, o PSOE registrou seus piores resultados históricos.