DANIEL CARVALHO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Apesar de sua irritação com o Palácio do Planalto por causa do que considerou “excessos” da Polícia Federal, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que não retaliará o governo alterando o calendário acordado na semana passada para a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece um teto para os gastos públicos.
“Absolutamente. Temos que ter compromisso com o Brasil. Já conseguimos aprovar o calendário de votação”, disse Renan, na mesma entrevista em que reagiu à Operação Métis, realizada com o objetivo de desarticular uma suposta organização criminosa que busca atrapalhar as investigações na Lava Jato.
A operação, realizada na última sexta-feira (21), fez buscas e apreensões nas dependências do Senado e culminou com a prisão de quatro agentes da polícia da Casa.
Após fazer críticas ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a quem a Polícia Federal está subordinada, Renan confirmou que pretende colocar em votação projeto que estabelece punições para autoridades que cometerem abusos, como mostrou a Folha de S.Paulo no sábado (22).
“O Brasil, como qualquer democracia, precisa de uma lei de abuso de autoridade. Claro que essa lei vai se submeter a um debate. Não vamos deixar esse vácuo na legislação brasileira”, afirmou o presidente do Senado, sem precisar quando o texto entrará na pauta da Casa.
Renan negou que a decisão seja uma retaliação ao governo. “Jamais votaria como consequência do que aconteceu sexta-feira aqui no Senado. Não sou desses arreganhos. Sou um democrata e tenho ódio e nojo desses métodos fascistas que usam contra o Legislativo do Brasil”, afirmou Renan Calheiros.
Renan disse não ter ficado perplexo com a ação de sexta-feira. Ele soube do ocorrido quando já estava em Alagoas. “No Brasil, a perplexidade não existe. Mais do que nunca. Cada vez se faz uma coisa pior”, disse o presidente do Senado.
Alvo da Lava Jato, Renan disse que será absolvido de todas as acusações que pesam contra ele. “Serei [absolvido] de todas [as acusações] por falta de provas porque não cometi essas irregularidades”, afirmou.