GIULIANA MESQUITA E PEDRO DINIZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “As pessoas são como as palavras, só fazem sentido se juntas com as outras”, declama Emicida sentado da primeira fila, onde ficou o desfile inteiro da LAB fazendo o que se espera que ele faça de melhor: rap.
A estreia de sua marca e do irmão, o também rapper Evandro Fióti, é uma bem-vinda injeção de rua em um um evento que desconhecia a rima proposta pela dupla.
Com direção criativa de João Pimenta, a coleção mistura códigos próprios da rua com outros do Japão, a exemplo das amarrações e das sobreposições.
Pimenta adicionou a verve fashion da coleção, além de traduzir em estampas e volumes a mensagem que Evandro e Emicida queriam passar.
A LAB existe há oito anos e, nesse tempo, se especializou em fazer merchandising para as bandas e artistas que representava. “Queríamos sair dessa curva de fazer merchandising para criar uma coisa mais dentro do universo da moda. Estamos trilhando esse caminho devagar”, conta Evandro FIoti à reportagem, horas antes do desfile.
Felizmente, o desfile da LAB em nada se parece com o que se vê na SPFW. Só pela seleção de modelões, 90% formada por negros e alguns do mercado plus size, a marca já se destaca.
“Entende-se a beleza de uma maneira pobre, a gente quis enriquecer isso, colocar pessoas que encontro nas calçadas todos os dias. A gente perde quando não reconhece essa beleza”, diz Emicida.
Há blusas largas combinadas a saias plissadas (neles e nelas), cintos obi da cultura japonesa marcando cinturas, e capuzes, e golas cobrindo o rosto. “Queremos trazer nossa visão do que é beleza e elegância para a moda”, diz o rapper.
A visão de elegância incluía o cantor Seu Jorge e a cantora Ellen Oléria, que desfilaram enquanto os amigos Criolo, Rael da Rima e Rico Dalasam assistiam a tudo da primeira fila.
Celebração da cultura afro e do rap nacional, o desfile foi até próximo das 23h (começou às 21h) com os rappers cantando ao vivo em um palco montado no espaço da marca de cosméticos Natura no evento.