SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Paul Beatty, 54, sagrou-se o primeiro norte-americano a vencer o prêmio literário Man Booker Prize nesta terça (25). O autor foi laureado por “The Sellout”, sátira das políticas raciais nos Estados Unidos, informou o jornal “The Guardian”.
Com 48 anos de história, a tradicional premiação britânica passou a aceitar escritores de qualquer nacionalidade há apenas três anos, desde que publiquem em inglês no Reino Unido.
“The Sellout” acompanha Bonbon, jovem negro que, após a morte do pai nas mãos da polícia de Los Angeles, quer reintroduzir a escravidão para reafirmar suas raízes.
Beatty já classificou o romance cáustico como uma “leitura difícil”. A historiadora e presidente do painel de jurados do Man Booker Prize, Amanda Foreman, não vê nisso um problema.
“É um desses raros livros capazes de aplicar a sátira, um gênero muito difícil e poucas vezes bem-feito, à sociedade americana contemporânea, com uma esperteza que não vejo desde [Jonathan] Swift ou [Mark] Twain”, afirmou. “Ele consegue eviscerar todos os tabus sociais e nuances politicamente corretas. Ao mesmo tempo em que nos faz rir, também nos faz estremecer. É engraçado e doloroso.”
Concorriam com Beatty os autores Ottessa Moshfegh (“Eileen”), Madeleine Thien (“Do Not Say We Have Nothing”), David Szalay (“All That Man Is”), Graeme Macrae Burnet (“His Bloody Project”) e Deborah Levy (“Hot Milk”).