Não deu para o Coritiba contra o poderoso Atlético Nacional, mas o saldo que fica é positivo. A primeira boa notícia: o time pode ser competitivo. A segunda: todos os anos as equipes desprezam a Sul-Americana. Os jogos contra Belgrano e Nacional mostraram que a competição pode ser rentável e atraente. Jogar contra o campeão da América foi o desafio do ano para o Coxa, mas não o último: o risco de queda para a Série B existe. A sorte do Coritiba é que a tabela lhe reserva Vitória e Santa Cruz em casa. Serão duas finais para o Coxa, que terá que manter o empenho da Sula e passar longe da atuação apagada no Atletiba, para seguir na elite e, de brinde, ganhar vaga novamente na Sula 2017.

Só valentia não bastou
Ao longo dos 90 minutos o Coxa foi valente, mas após um primeiro tempo em que sua proposta de jogo valeu pelo gol de falta de Gonzales, cedeu terreno nos 15 iniciais da segunda etapa. Ruy esteve sumido e Carpegiani errou ao deixa-lo em campo por tanto tempo. Quando mexeu, já não tinha a vantagem adquirida. Apesar da bela atuação de Wilson, Borja foi ainda melhor. O atacante que já tinha arrebentado na Libertadores mostrou que é um dos melhores da posição na América hoje, com três gols. O segundo gol foi uma pintura. Com Kléber em campo, o Coxa saiu um pouco mais e acabou levando outro num lance pra se discutir por dias. Tivesse reforçado a meiúca com 1 a 0 a favor e quem sabe esse papo seria outro hoje.

Libertadores comprometida
O Atlético perdeu nada menos que 11 pontos contra as equipes na zona de rebaixamento antes da 33ª rodada, Santa Cruz, América-MG, Figueirense e Vitória, com quem ainda jogará fora de casa. Se ampliar a análise para os candidatos mais próximos, a conta sobe para 20, com potencial de chegar a 23, já que perdeu para Inter e Coritiba e, além do Vitória, ainda pega o Sport, de quem perdeu em Recife, em casa. O Brasileirão é sim o campeonato mais equilibrado do Mundo, e muitos desses pontos perdidos – como no Atletiba do 1º turno ou contra o Inter no Sul – estariam em qualquer planejamento. Mas não conseguir sequer um empate contra os rebaixáveis fora de casa deixa as chances de Libertadores comprometidas. O Furacão ainda sairá encarar seus concorrentes diretos, Corinthians e Fluminense. É preciso vencer o Vitória e não perder para os dois rivais se quiser viajar pela América em 2017. Imaginem apenas o seguinte: tivesse conquistado 20% desses pontos, índice de visitante do Coxa, por exemplo, e teria 52 pontos, uma folga de três para o Corinthians.

Sintético ou não?
Não é somente a grama sintética – ou a ausência dela – que atrapalha o Atlético longe da Arena. O time ficou carente de criação e ataque desde as saídas de Vinícius e Walter – que, diga-se, já não andavam um primor. Pablo quebra um galho, mas é pouco, e quando falta acontece o que aconteceu diante do então lanterna América. As dispensas foram erros sem conserto agora. É apostar na recuperação de Nikão e torcer para Autuori inventar um jeito de criar mais jogadas de ataque.

A Série B é obrigação
Não queiram imaginar o impacto que um rebaixamento para a Série C pode trazer ao Paraná. O jogo de amanhã, contra o Bragantino, é decisão para o Tricolor, que poderá entrar na ZR em duas rodadas se perder esse embate. Estar na B pode não ser o cenário dos sonhos, mas é o que garante uma verba decente e um calendário com vitrine para o clube ainda ser atrativo. É o jogo do ano na Vila Capanema. Enquanto isso, o Londrina fará em Criciúma um duelo estratégico. Trazer pontos de SC significará decidir o surpreendente acesso à Série A em casa em dois jogos seguidos, Paysandu e Atlético-GO. Com 7 pontos nos próximos três jogos, dificilmente o LEC deixará escapar a vaga que não vê desde 1982.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão