SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Relatório divulgado nesta quinta-feira (27) pela Wada (Agência Mundial Antidoping) sobre os métodos de controle antidoping na Rio-2016 aponta “falhas sérias” nos procedimentos adotados durante o evento. Segundo o documento, diversos atletas escolhidos para fazerem os exames “simplesmente não puderam ser encontrados”, e “mais de 50% dos testes foram abortados”.
Nomeado “Relatório de Observadores Independentes”, o documento de 55 páginas da Wada apresenta mais números alarmantes, como aproximadamente 100 amostras que não foram relacionadas a algum atleta devido a erros no preenchimento de dados; pouco ou nenhum exame de sangue durante as competições de esportes de alto risco, “incluindo levantamento de peso”; nenhum teste fora de competição no futebol, o que é classificado pela Wada como “surpreendente”; e uma amostra que desapareceu e foi localizada apenas duas semanas após os Jogos.
Segundo avaliação da Wada, houve falta de coordenação na equipe encarregada de dirigir o departamento antidoping da Rio-2016.
O relatório ainda descreve supostas falhas de funcionários da Rio-2016 que estavam encarregados de informar os atletas dos procedimentos dos exames antidoping e acompanhá-los.
A Wada lista diversos motivos que teriam levado às falhas desses acompanhantes: não aproveitamento do conhecimento adquirido em outras edições dos Jogos, resultando em falta de material para treinamento e orientação; planejamento prévio inadequado; suporte insuficiente a esses funcionários, que teriam passado por poucas experiências de treinamento prático, teriam ficado sem uma estrutura adequada de transporte para voltarem a suas residências e receberiam um número insuficiente de tíquetes para suas refeições.
Para a agência, a consequência do suposto trabalho inadequado da equipe da Rio-2016 é “minar o respeito e a confiança entre atletas no programa antidoping, e fornecer oportunidades para atletas experientes e inescrupulosos que podem querer manipular o controle antidoping”.
A despeito da série de críticas, a Wada ressalta que a Rio-2016 representa um “legado extraordinário”, para o antidoping na América do Sul.