NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente da Petrobras, Pedro Parente, defendeu o plano de venda de ativos da estatal como uma maneira de contribuir para a melhora da governança da companhia, abalada após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
“Além da diluição do risco e dos investimentos, talvez o mais importante em atrair parceiros seja a melhora da governança. Quando temos parceiros, temos que os comportar da melhor maneira possível”, afirmou o executivo, em discurso de encerramento da feira Rio Oil & Gas.
A Petrobras planeja vender quase US$ 35 bilhões até o final de 2019. Ele lembrou que é um valor bem superior aos cerca de US$ 15 bilhões levantados pelo governo Fernando Henrique Cardoso com a privatização das teles.
Parente ressaltou que o plano de socorro da Petrobras, com venda de ativos e redução de custos, é semelhante ao que vem sendo implementado por diversas empresas globais de petróleo.
“O curioso é que a Petrobras, por força do momento em que vive, embarca em um programa que seria necessário de qualquer forma, semelhante ao que toda a indústria embarcou”, comentou.
Em sua fala, ele frisou que a indústria ampliou custos e investimentos nos momentos em petróleo caro e está tentando se adaptar ao novo cenário de preços.
“A indústria convive com preços muito inferiores aos que já tivemos e está baseada em um nível de investimentos muito mais compatível com a receita em que já tivemos”, comentou.
Segundo ele, cada US$ 1 de receita no setor de petróleo gera US$ 0,97 em investimentos. “Isso mostra que é uma indústria que tem remunerado muito mal seus investidores.”
“É uma indústria que, sem dúvida, precisa de um novo modelo de negócios”, declarou.
Parente evitou falar de negócios específicos da estatal, baseando seu discurso em uma visão mais ampla do setor.
Ele concluiu seu discurso dizendo que o governo tem anunciado medidas para alterar as regras do setor e atrair mais investimento estrangeiro.
“Eu vejo claramente um novo momento para o setor”, finalizou o executivo, que colocou entre os principais desafios do setor a resistência de centrais sindicais e partidos de oposição às medidas propostas.
A abertura da feira teve a presença do presidente Michel Temer, que passou a mensagem de que o governo ouvirá as demandas da indústria para facilitar a atração de investimentos.