BP – Quais dicas daria para quem se interessa pelo assunto, quer conhecer mais?
Mauricio – A dica é: o assunto te interessa? Pesquise, busque pessoas que praticam para conversar sobre. Mas não deixe de pesquisar. Hoje estamos diante de uma nova geração de bruxinhos que tem uma preguiça absurda, então querem tudo mastigado. As pessoas não compram mais livros, elas buscam saber de bruxaria através da opinião de outros bruxos. Mas espera lá, gente. Se eu ler um livro e fizer uma resenha sobre esse livro, vai ser diferente de outro alguém ler um livro e você ler essa resenha, porque acabamos colocando opinião pessoal, a visão do nosso caminho. Bruxaria não é um caminho para gente preguiçosa.

BP — Quais os avanços, as mudanças no meio da bruxaria ao longo dos últimos anos? Já há mais respeito? O paganismo e a bruxaria estão em crescimento no país?
Mauricio — A situação da bruxaria e do paganismo já foi muito pior. Se por um lado temos um grupo de pessoas que nos consideram demoníacos, diabólicos, também temos a bruxaria sendo tratada como uma coisa infantil, ridicularizada. As pessoas não sabem a diferença entre ficção e realidade. Temos os bruxinhos Harry Potter, a pessoa lê e acha que aquilo ali é base para bruxaria, que todos os bruxos ficam brincando com a varinha e tudo mais. Também temos os bruxos que leram Brumas de Avalon, e olha, é um problema, porque por não ser um livro infantil, tem gente que pega a história das Brumas e acha que aquilo ali é reflexo da prática de bruxaria.

BP — Como é ser bruxo no Brasil?
Maurício — No Brasil, ao mesmo tempo que a gente avança, a gente retrocede, porque o desrespeito é muito grande dentro da comunidade pagã. Você se dá bem com os membros do seu grupo e acaba hostilizando os membros de outros grupos. Tem sempre rixa, tem sempre picuinha acontecendo.