Terroristas da facção Estado Islâmico (EI) sequestraram “dezenas de milhares” de homens, mulheres e crianças nos entornos de Mossul para utilizá-los como escudos humanos durante a ofensiva liderada pelo governo iraquiano para expulsar os radicais dessa cidade no norte do país. A porta-voz da ONU (Organização das Nações Unidas) para direitos humanos, Ravina Shamdasani, disse nesta sexta-feira (28) que “relatos confiáveis” indicam que aproximadamente 8.000 famílias, cada uma com cerca de seis membros, foram “forçadas a deixar suas casas em subdistritos ao redor de Mossul” desde o início da batalha pela cidade. Moradores de Mossul também foram realocados à força para outras partes da cidade.

De acordo com Shamdasani, o EI assassinou na quarta-feira (26) ao menos 232 pessoas da região, sendo 190 ex-membros das forças de segurança do Iraque e 42 civis, que haviam se recusado a cumprir as ordens da milícia fundamentalista. “A estratégia depravada e covarde do EI é tentar usar a presença de civis tomados como reféns para evitar operações militares em certos pontos, áreas ou forças militares, efetivamente usando dezenas de milhares de mulheres, homens e crianças como escudos humanos.” Os relatos, corroborados pela ONU, definitivamente “não eram abrangentes, mas mostravam evidências de violações”, afirmou a porta-voz. A confirmação pela ONU de que o EI tem utilizado escudos humanos agrava os temores de que a batalha por Mossul aprofunde a crise humanitária na região. Milhares de moradores já foram forçados a deixar suas casas.

OFENSIVA XIITA

Milícias xiitas apoiadas pelo Irã anunciaram nesta sexta que se juntarão à batalha por Mossul, e que lançarão em breve uma ofensiva a oeste da cidade com o objetivo de cercá-la e cortar as vias de acesso dos extremistas do EI à Síria. Atualmente, participam da batalha cerca de 30 mil combatentes do Exército iraquiano, das forças peshmerga curdas e de milícias árabes aliadas. A coalizão internacional liderada pelos EUA dá apoio técnico à ofensiva e realiza ataques aéreos contra posições do EI. Até agora, a operação conseguiu liberar alguns vilarejos e cidades na região, mas soldados ainda não chegaram a Mossul. Autoridades militares dos EUA disseram nesta semana que, desde o início da operação, foram mortos entre 800 e 900 combatentes do EI. A batalha por Mossul teve início em 17 de outubro. A operação, que deve durar semanas ou meses, tenta expulsar os extremistas da cidade, que já foi a segunda maior do Iraque.