Saber se posicionar diante das situações é um mérito dos vencedores. Atlético e Coritiba estão mais que certos em refutar a proposta de divisão de cotas da Primeira Liga para 2017. Por mais frustrante que seja, se for o caso, devem se retirar da competição. Petraglia é pragmático, questionável em muitas de suas ações e métodos, mas tem razão – e demonstra coragem – para romper esse paradigma. É preciso que Bacellar o apoie e se posicione de forma firme contra a morte da competição. Sim, morte. Pois se a Primeira Liga se dispuser a entrar nos velhos vícios do futebol brasileiro, como a distribuição desigual de cotas de TV para um mesmo campeonato, já perdeu seu sentido. Romper paradigmas é difícil, doloroso, Atlético e Coritiba não têm a força política dos clubes do eixo. Mas há vida sem isso e muitas vezes essa posição firme, que pode soar loucura ou prejudicial agora, é o que vai garantir um sucesso para ambos no futuro a médio prazo. E há o apoio das torcidas para isso: olhando em todos os sites que noticiam a intenção, não só atleticanos e coxas apoiam barrar esse modelo, mas também colorados, gremistas, cruzeirenses, torcedores do Galo e de outras equipes que estarão na Primeira Liga – se ela sair em 2017.

Da mesma forma, Raphael Veiga…
…tem que ser escalado e motivado para cumprir bem seu contrato. Kléber tem razão ao cobrar isso publicamente. É claro que o torcedor do Coritiba está sentido com a recusa na renovação e iminente saída para o Palmeiras em 17. Mas hoje ele é coxa-branca. E hoje o Coxa precisa dele, jogando bem. O futebol tem elementos emocionais que por muitas vezes atrapalham suas conjunturas práticas. Vaiar Veiga não é bom negócio para o Coritiba, que precisa primeiro é escapar do rebaixamento. A diretoria tem que dar condições para que ele jogue, enquanto que cabe a Paulo Cesar Carpegiani motivar o atleta e tirar dele o melhor desempenho no momento. Sei que a diretoria ainda costura uma multa, uma compensação junto ao Palmeiras para que o clube receba o que lhe é devido, afinal, pela base dada a Veiga até aqui. Mas quando Kléber, macaco velho nesse negócio, vem a público e cobra a presença de Veiga, é por que no vestiário Veiga dá sinais de que quer jogar. Kléber precisa dividir essa responsabilidade com ele em campo, ser a liderança que o clube precisa. Por isso pede Veiga publicamente, e o clube precisa se posicionar quanto a isso.

Grama sintética
Passou a ser pauta nacional, com Fluminense e Corinthians brigando com o Atlético ponto a ponto pela Libertadores. A grama é legitimada pela FIFA, oferece uma condição de trabalho superior a de qualquer outro campo brasileiro – melhor que o péssimo gramado da Arena Botafogo, por exemplo – e não é a única razão do bom desempenho atleticano em casa. Espantam-se com os 86,3% de aproveitamento, mas esquecem que Atlético-MG e Santos têm índices parecidos sem a grama (80,4%), que o próprio Galo, ao lado de Palmeiras e Vitória, pontuaram na Arena nesse ano. Dois dos melhores times do Brasil. Não só eles: Coritiba e Grêmio também. Time bom ganha em qualquer campo, nos melhores então, nem se fala. Mas a força do Atlético em casa é histórica: campeão em 2001 com 84,2%, vice em 2004 com 76,8. Até quando rebaixado, em 2011, foi acima da média de 10 clubes desse atual campeonato: 56,1%. O Atlético vai bem em casa por que defende bem e vence no abafa, mesmo sem ataque. E mal fora por que defende bem mas não segura a bola longe de sua área, cedendo 8 vezes a derrota por um gol apenas. Qualquer análise que ignore o elenco e o esquema do Atlético é superficial.

Nessa, caia com os dois pés
No próximo domingo, 6 de novembro, o Clube Curitibano promove a 11ª edição da Corrida Intersedes, para corredores e ciclistas. Além do percurso de 30km que cruza Curitiba e Pinhais, chegando a Quatro Barras, estão disponíveis provas menores, de 5 e 10km, com caminhada e eventos kids, para crianças de 5 a 10 anos já pegarem o prazer do esporte. O custo é de apenas R$ 30, bem abaixo da média das provas de corridas de rua. Interessados podem procurar a secretaria do clube no 41-3014-1947. Boa prova!

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão