LUCAS VETTORAZZO RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Pessoas que viveram com pais escolarizados na adolescência alcançaram, na fase adulta da vida, renda maior do que aqueles que viveram com pais com baixa escolaridade. É o que concluiu suplemento da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado nesta quarta-feira (16) pelo IBGE. Os dados, ainda sem base de comparação, se referem ao ano de 2014. Foram entrevistadas para a pesquisa 57.896 pessoas de 16 anos ou mais de idade. O suplemento chamado Mobilidade Sócio-ocupacional investigou a situação atual de trabalho, renda e escolaridade de adultos de 25 anos ou mais, tendo como pano de fundo a realidade em que viveram aos 15 anos de idade. O levantamento mostrou que adultos com ensino superior completo que viveram com pais também formados têm renda maior do que os criados por pais sem formação acadêmica. Quanto mais escolarizados, pais e filhos, maior a renda do adulto. Segundo o IBGE, uma pessoa formada que foi criada por um pai (ou qualquer figura paterna) com ensino superior completo tem renda média de R$ 6.739. Se o pai tiver nível superior incompleto, mas o filho formado, a renda cai para R$ 4.365. Filhos formados de pais com ensino médio incompleto têm renda média de R$ 3.220. Quando o pai não tem instrução, a renda cai para R$ 2.603. O cenário mantém a tendência quando o adulto de hoje foi criado por uma mãe, ou outra figura materna. O que muda, contudo, é o nível de renda, mais baixo por aqueles criados por mães em relação aos criados por pais. De acordo com o IBGE, pessoas formadas que foram criadas por mães com nível superior completo têm renda média de R$ 5.826 -valor, portanto, R$ 913 menor do que aquelas criados por figuras paternas. Independente da diferenciação do gênero, o estudo mostra que pais escolarizados influenciam positivamente na inserção do filho no mercado de trabalho, e consequentemente em sua renda. “Esses resultados mostram que a estrutura familiar se mostra importante não apenas para determinar a educação dos filhos, mas também para influenciar os seus rendimentos no mercado de trabalho”, diz o texto que acompanha a pesquisa. ENTRADA NO MERCADO A pesquisa mostrou também que filhos de pais que ocupavam postos de menor instrução começaram a trabalhar mais cedo. De acordo com o IBGE, 26,9% dos filhos de trabalhadores do setor de serviços começaram a trabalhar até os 13 anos de idade. O percentual é semelhante (29,2%) nos trabalhadores de fábricas. No setor agrícola, o percentual atinge 65,9%. A maioria dos filhos das demais categorias investigadas, independentemente do nível, começaram a trabalhar dos 14 aos 17 anos. Filhos de pais profissionais das ciências e das artes, por exemplo, começaram a trabalhar, em sua maioria (34,2% dos entrevistados), nessa faixa etária. O mesmo ocorreu com 43,9% dos filhos de auxiliares administrativos. “A estrutura ocupacional dos pais, por sua vez, guarda relação estreita com a idade em que os filhos entraram no mercado de trabalho”, diz o estudo. ALFABETIZAÇÃO A pesquisa mostrou ainda a relação entre escolaridade dos pais e dos filhos. Nos domicílios urbanos, 98% dos filhos de pai alfabetizado também eram alfabetizados. Já na outra ponta, 9,6% de filhos de pais sem instrução também não o tinham na fase adulta. Nos domicílios rurais foi observado percentual maior de filhos sem instrução quando os pais também não eram escolarizados, de 30%. Filhos sem instrução de pais alfabetizados corresponderam a 7,9% dos entrevistados.