Estamos neste momento em um grande cenário de debates políticos onde existem muitos e vários atores sociais em questão. A sociedade como um todo inevitavelmente atravessa crises em vários campos e aspectos, como na área social, econômica, ideológica e, sobretudo, na política.
Este ano nos deparamos com as mais variadas opiniões, percepções e inquietações principalmente por parte dos mais jovens. Surgem dúvidas e perguntas que nos levam a vários debates voltados às reflexões sobre o voto consciente e com o discernimento a respeito do que é melhor para o município. Como votar com sensibilidade e senso de justiça sem deixar de lado o sofrimento daqueles que mais precisam do serviço público?
Esse é um direito e um dever dos jovens que começam a participar, não apenas das eleições, mas também da organização de grupos e do debate sobre o futuro que queremos. Uma pesquisa realizada pela PUCPR este ano sobre o perfil do jovem eleitor revelou pontos importantes sobre como eles pensam. A maior parte dos entrevistados (81%) afirma que não se candidataria a cargos políticos, pois, para 42,4% deles, há muita corrupção no meio político, e 23,8% não entendem ou não gostam de política. Além disso, a pesquisa mostrou que 90% deles não tem preferência por nenhum partido. De acordo com o estudo, realizado com 400 entrevistados de 18 a 24 anos, 55,7% coloca a saúde como a área de maior importância na gestão municipal, seguida por educação (16,8%) e segurança (12,7%).
No entanto, quando se trata de participar de projetos que atuam em áreas sociais o interesse cresce visivelmente. Ora, esse tipo de participação não é política?
Durante as aulas de sociologia ministradas com estudantes do Ensino Médio Técnico é possível vivenciar essa realidade. Quando vamos aos debates sobre o que vem a ser política temos refletido a importância de não entender este campo de discussão como uma mera teoria distante de nós ou ainda como algo relacionado estritamente aos partidos políticos.
Política é o ato, a ação, e vem do termo originário grego pólis (cidade). É também a importância e preocupação com os rumos da cidade. Interessante perceber como os jovens estudantes ao se darem conta que sua participação em projetos – e, portanto, na ação social – é promovedora de participação política.
Mas então, o que leva o jovem a desacreditar da política do nosso país atualmente? Feita esta pergunta em sala de aula chegamos a algumas questões centrais em torno deste tema: a corrupção e o nepotismo promovidos pela classe política do Brasil, vêm em primeiro lugar.
Enfim, é de relevante importância falar deste tema em sala de aula, como temos feito nos últimos anos principalmente com a ampla divulgação da Operação Lava Jato, o impeachment de Dilma e demais escândalos noticiados. Com isso os jovens eleitores podem perceber que falar em política é falar da nossa vida e o que nos cerca: o desemprego, a educação, o acesso ao lazer e à cultura, por exemplo. É necessário debater as políticas públicas do nosso país.
Começar na sala de aula é um bom ‘lugar social’ para o aprofundamento destas reflexões que levam à formação essencial do senso crítico dos nossos estudantes em idade de começar a vida política.

Silmara Aibes é socióloga e professora do TECPUC