Na noite do solistício de inverno, na Antiguidade e no Grande Norte, Odin, cavalgando sua nuvem, distribuía recompensas e reprimendas a todas as crianças. Gargans, filho do deus celta Bel, distribuída os presentes. Mikoula, o deus russo das colheitas, abandonava seus instrumentos de trabalho para entregar pacotes de coisas boas para as crianças das estepes. Quanto aos romanos, no último dia das saturnalias ( de 17 a 24 de dezembro), celebravam a deusa Strenia, trocando presentes sob seus auspícios, honrando o solistício, que era a festa mais popular do mundo naquela época.

Foi para cristianizar as festas pagãs do nascimento do sol (Natalis invicti) que a Igreja decidiu no ano 353 de fixar a data do nascimento de Cristo em 24 de dezembro: assim como o sol, Maria oferecia luz ao mundo com o nascimento da Criança Deus. A liturgia do Natal teve sucesso imediato e foram acrescentadas tradições locais dos camponeses, transmitidas até hoje em muitos países.

Alemanha e Áusstria começam as festas nos primeiros dias de dezembro, com o Advento. Coroas de ramos de pinheiro servem de base para as quatro velas que serão iluminadas, uma a uma, a cada domingo de dezembro, como símbolos: a primeira representa o perdão de Deus a Adão e Eva, a segunda é para a fé dos Patriarcas na Terra Prometida, a terceira pela alegria de David celebrando a Aliança e a quarta pelo anuncio dos profetas a respeito do reino de justiça e paz. São Nicolau participa da festa, mas é o Menino Jesus quem se encarrega dos presentes, na noite de 24 de dezembro.Presentes que são colocados junto da árvore de Natal na Áustria, país que inventou esta tradição.

Na Dinamarca a família toda vai a campo, para cortar o pinheiro na floresta. A cada ano os Correios colocam no mercado os selos especiais para festejar essa tradição.

Na Finlândia, desde o meio dia, as pessoas assistem à cerimônia Turku, declarando a paz de Noel. Durante a noite, todos seguem em procissão aos cemitérios, para decorar os túmulos com velas e flores. Na Groenlândia, velhos e crianças em trajes tradicionai,seguem para a igreja cantando canções típicas, parando em todas as casas do caminho.


Na Inglaterra, ainda hoje os cartões de bons votos natalinos circulam e servem de decoração junto das lareiras

Na Grã-Bretanha, desde 1º de dezembro, os cartões de Natal ainda hoje lotam das caixas dos Correios. É preciso receber o maior número de cartões, para formar uma guirlanda com fitas que irá decorar a parede da lareira. Junto ficam as meias natalinas de bom tamanho, para serem preenchidas com presentes. A tradição remonta aos tempos de duas moças pobres, que não tinham dote para atrair noivos, que colocaram suas meias de lã na frente da lareira para secarem.O bispo Nicolau sempre deixou moedas de ouro como lembrança.

Na Espanha, Papai Noel e os Reis Magos fazem harmonia. Suas duas festas têm importância igual e as crianças não são as únicas beneficiárias das datas especiais: vizinhos e amigos, parentes, colegas de trabalho recebem cestas natalinas com doces preparados por freiras, os melhores azeites, os melhores vinhos, frutas frescas e frutas secas, sempre acompanhados dos famosos aspargos de Navarra.

Na Islândia, durante o Natal, treze pequenos Jolasneinar, filhos da feiticeira Gryla, descem das montanhas decididos a recompensar as crianças bem comportadas e a punir os mais teimosos.

Na Noruega, para Jul, há danças e cantos em torno da árvore de Natal, antes que os presentes sejam abertos e os doces em forma de corações sejam devorados acompanhados de julekake, cerveja típica de Natal.

Na Itália , a Befana, gentil velha feiticeira, para pelas lareiras com sua cesta cheias de presentes a serem distribuídos com atraso, já que ela, por causa da idade, não consegue entregar a tempo ao Menino Jesus e nem acompanhar os passos dos Reis Magos. Dia da Befana é dia de comer panettone com frutas confeitadas.


Talvez Papai Noel não venha tão abarrotado de presentes. Mas os selos comemorativos continuam a festejar o Natal na Dinamarca

Em Portugal os presentes são trocados nos dia de Reis, como lembrança do ouro, incenso e mirra ofertados aos Menino Jesus. Na noite de Natal, toda a família, antes de ir à missa, prepara a massa de filhós (bolinhos com açúcar e canela) que serão fritos ao voltar da missa e que serão apreciados após o bacalhau com batatas.

Na Polônia as crianças ficam olhando o céu, esperando a primeira estrela: a festa começa com a divisão de uma grande hóstia retangular com a efígie da Virgem Maria, José e Jesus Menino. Cada um faz um voto secreto ou promessa, na hora de esquecer disputas. Na mesa, a palha de trigo lembrar o estábulo onde Jesus nasceu. Pratos e talheres são colocados na mesa para um hóspede de última hora e para a alma dos entes queridos que já não são mais da terra.

Na Suécia, para que a felicidade acompanhe cada um da família durante todo o novo ano, é colocada diante das casas, praças ou diante da lareira e árvore de Natal, uma cabra feita de palha. E segue-se um pantagruélico jantar. Jultompte, o anão, leva os presentes para cada membro da casa, acompanhado de um pequeno poema lido em voz alta junto do pinheirinho.

No México as posadas repetem durante oito dias a viagem de José e Maria até Bethléem, e na noite de Noel, armados com um bastão, as crianças quebram as pinatas, grande jarras de cerâmica penduradas do teto, cheias de chocolates, bombons e balas.

Na Grécia o pinheirinho natalino é substituído pela Rosa de Noel, lembrando aquela dada pelo anjo a uma menina que, com as mãos vazias diante do berço de Jesus, chorava por não ter nada a oferecer.

No Brasil a cidade mais natalina é, sem sombra de dúvidas, Gramado (Rio Grande do Sul). Mas até em Belém, terra do tacacá, açaí, maniçoba, jambu, há shows natalinos na Estação das Docas, inaugurada em 2000 ao lado do Mercado Ver-o-Peso. Hoje é ponto de encontro de todos e uma das principais atrações turísticas com seus restaurantes, bares, cervejarias e programação cultural. Todas as sextas feiras, depois das 18 horas, o pôr do sol ganha destaque com apresentação de danças folclóricas. Os corais natalinos serão realizados entre 19 a 23 de dezembro.

2016 Belém do Pará marca os festejos dos 400 anos da cidade e quem for até lá deve conhecer a Casa das Onze Janelas, o Polo Joalheiro, o Forte do Presépio e Museu de Arte Sacra. O Mangl das Garças está completando 150 anos. Sim, e o Mercado Ver-o-Peso. Aproveite para provar delícias no Remanso do Bosque, que faz parte da lista Latin America’s 50 Best Restaurants. E não perca a cerveja exclusiva. Lá em Casa, o mítico restaurante de Paulo Martins, que criou em 1999 criou o Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, agora está sob a direção de suas filhas, que continuam o legado de Martins, morto em 2010. Pato no Tucupi continua sendo o carro chefe do restaurante mais tradicional de Belém do Pará.