Parlamentares da oposição defenderam ontem, que o presidente Michel Temer deveria renunciar imediatamente ao cargo. Para o líder da minoria no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), esse seria o caminho mais fácil, pois resultaria em eleições diretas. Membros do PT e PCdoB protocolaram na Procuradoria-geral da República (PGR) uma representação contra Temer, que acusam pelos crimes comum, de concussão e improbidade administrativa.
Em depoimento a Polícia Federal, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero acusou o presidente de pressioná-lo para atender a interesses privados do então ministro Geddel Vieira Lima. Segundo Calero, Geddel queria que ele intercedesse junto ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberar um empreendimento imobiliário no qual possui um apartamento, em Salvador (BA).
Temer é acusado pela oposição de ter se omitido diante das denúncias de Calero contra Geddel. Eles consideram que, dessa forma, o presidente participou da conduta ilegal. A defesa dos parlamentares alega ainda que Temer confessa o crime ao dizer a Calero que ele deveria encaminhar o caso à Advogacia-Geral da União (AGU).
Caso a representação tenha seguimento na PGR e Temer seja afastado pela Justiça no próximo ano, porém, o Congresso teria que eleger um novo presidente de forma indireta. Se isso ocorresse até dezembro, por outro lado, seriam convocadas novas eleições nas urnas, assim como em caso de renúncia.
Se tivesse dignidade, o caminho para Temer seria a renúncia e eleições diretas, declarou Lindbergh. A líder da oposição na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também provocou: ele renunciaria se tivesse o mínimo de escrúpulo.
Para Lindbergh, o Congresso, após o impeachment de Dilma, não tem legitimidade para eleger um novo presidente. Além da representação na PGR, a oposição está incentivando movimentos sociais a protocolarem mais um pedido de impeachment contra Temer na Câmara dos Deputados. Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE), os parlamentares querem que Temer seja investigado por exigir ou patrocinar uma causa de interesse privado junto ao serviço público.