Vera Ferrari Rego Barros, psicanalista e presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo, afirma que a superexposição às tecnologias, em idade na qual a criança não desenvolveu competências básicas para interagir com seu meio, é associada ao déficit do funcionamento executivo e da atenção, atrasos cognitivos, prejuízo da aprendizagem, aumento da impulsividade, irritabilidade e agressividade. Bebês e crianças pequenas precisam interagir com outras pessoas, diz. O apego às telas, de qualquer aparelho, traz o risco de causar desengajamento e vulnerabilidade, assim como poucas aptidões sociais e diminuição da capacidade de expressar empatia, completa.

Porém, o mundo digital já é a linguagem da criança de hoje, por isso, devemos pensar nos cuidados necessários para permitir o acesso por crianças pequenas. Para começar, Vera orienta que pais evitem o uso de tablets e smatphones antes dos 3 anos. A partir dessa idade, com maior compreensão e expressão, habilidades motoras e de socialização, a criança pode se beneficiar dos conteúdos de aplicativos direcionados à sua faixa etária, diz.

A especialista afirma que cabe aos pais selecionarem os apps e monitorarem o tempo de uso de qualquer dispositivo eletrônico. Nessa fase, não mais do que 60 minutos por dia. Não vale abusar da curiosidade natural da criança e deixá-la brincando indefinidamente com os dispositivos, com a ideia de que assim ela ficará quietinha e não incomodará os mais velhos, quando estes estão conversando ou querem jantar sossegados, por exemplo, conclui.