SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL HAVANA, CUBA (FOLHAPRESS) – “Vim estar com meu segundo pai”, disse Diego Maradona à TV estatal cubana a caminho do funeral de Fidel Castro. O astro argentino, que estava na Croácia acompanhando o time argentino campeão da Copa Davis de tênis, desembarcou em Havana e seguiu para Santiago, onde estará no funeral do ditador cubano. “Ele se adiantava a todas as jogadas, um pouco como Maradona fazia diante de seus defensores. Foi o maior de todos”, disse o campeão mundial de 1986. O jogador se declarou grato a Fidel e a Cuba pelo fato de o terem acolhido quando fez seu tratamento contra o vício em drogas, em 2004, época em que quase morreu. “Me levanto todas as manhãs e posso falar e dar uma entrevista como esta por causa de Cuba. Devo isso a Fidel.” Maradona aproveitou para soltar farpas contra o presidente argentino Mauricio Macri, com quem tem antiga mágoa; Macri foi presidente do Boca Juniors e afastou Maradona do clube. Disse aos jornalistas: “aproveito para pedir desculpas porque temos um presidente que não sabe de nada. Sou um soldado cubano, antes de ser um soldado macrista, o que nunca serei”. O ex-camisa 10 argentino fazia referência ao fato de as condolências enviadas pelo presidente argentino terem sido apenas protocolares. CLÁSSICO NO LUTO Neste sábado abafado, oitavo dia do luto por Fidel Castro, Havana amanheceu tranquila. Pelas ruas, praticamente só andavam turistas com seus guias e os vendedores de rua. Ao redor da janela de um dos hotéis mais famosos do centro de Havana Velha, o Ambos Mundos, porém, garotos cubanos se acotovelavam para tentar ver o clássico Barcelona x Real Madrid, que ocorreu pela manhã. O futebol não é o esporte mais popular na ilha, perde para o beisebol e para o boxe, mas tem se tornado mais famoso nos últimos tempos por conta das transmissões da Liga dos Campeões e do campeonato espanhol -embora essas partidas só possam ser vistas em locais internacionais, como esse hotel, ou de forma pirata, via internet. “Vim para ver o Messi”, diz Afonso, 11. “E eu, o Luisito”, acrescentou José, 9, referindo-se ao uruguaio Luis Suárez.