Cerca de 8 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar e 15 mil, nas contas dos organizadores, participaram no domingo (4) de manifestação contra a corrupção e em apoio à operação Lava Jato, em Curitiba. Os manifestantes se concentraram em frente à sede da Justiça Federal, onde trabalha o juiz Sérgio Moro, e criticaram o texto do projeto aprovado pela Câmara Federal, na última quarta-feira, que alterou a proposta de dez medidas de combate à corrupção, elaborada pelo Ministério Público Federal. O presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM/RJ) – que comandou a votação – e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), que tentou votar a proposta em regime de urgência no mesmo dia, foram os principais alvos do protesto.

O protesto foi pacífico. O único incidente registrado foi uma criança que passou mal, mas foi levada ao hospital pelos pais. Os manifestantes gritaram palavras de ordem como Fora Renan, mas pouparam o presidente Michel Temer (PMDB). Também houve palavras em apoio ao juiz Sérgio Moro e aos procuradores que atuam na Lava Jato.

Um dos objetivos do protesto, segundo os organizadores, é pressionar o Senado a reverter as mudanças no texto original do projeto elaborado pelo MPF e encaminhado ao Congresso com o apoio de mais de 2 milhões de assinaturas. A mudança mais polêmica é a que estabelece punições a juízes, promotores e procuradores por crime de responsabilidade. Os manifestantes usavam camisas amarelas e se mostram irritados com a política. “Nossos políticos querem derrubar a Lava Jato e não deixaremos acontecer isso”, disse o comerciante Pedro da Cunha.

Entre os políticos paranaenses, foram alvo de críticas e cartazes de protesto o senador Roberto Requião (PMDB) – relator do projeto sobre abuso de autoridade no Senado; a senadora Gleisi Hoffmann (PT), e os deputados federais que votaram a favor das mudanças na proposta aprovada pela Câmara.

Ao contrário de manifestações anteriores que pediam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o protesto não partiu da praça Santos Andrade pela rua XV, no centro da Capital. Segundo os organizadores, o local não foi liberado em razão de feirinhas de Natal que acontecem nesse período do ano.

Interior – Além da aprovação do texto original das dez medidas contra a corrupção, os participantes também defenderam o fim do foro privilegiado para políticos, dos supersalários no funcionalismo, e rapidez no julgamento de agentes públicos pelo Supremo Tribunal Federal.

Também foram registradas manifestações semelhantes em Londrina, Maringá, Cascavel, Francisco Beltrão, Apucarana, Cianorte, Rio Negro, Toledo, Dois Vizinhos e Foz do Iguaçu. Em Londrina o evento também teve início às 15 horas, ocorrendo entre a avenida Ayrton Senna da Silva e a rua Ernâni Lacerda de Atayde. Em Apucarana, o protesto ocorreu na Praça Rui Barbosa, Centro da cidade. Em Foz do Iguaçu, a manifestação começou pela manhã.