SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O plano do presidente eleito Donald Trump de usar tarifas de importação para punir empresas que levam sua produção para fora dos Estados Unidos o colocou em embate com os congressistas de seu próprio partido, o Republicano.
Depois de Trump tuitar sobre a ideia de taxar em 35% os produtos de empresas americanas que os fabricam em outros países e depois os importam de volta aos EUA, o líder da maioria na Câmara, Kevin McCarthy, disse que o plano pode causar uma guerra comercial e que um projeto melhor para manter companhias nos EUA seria reformar o código tributário e reduzir impostos.
Os republicanos normalmente se opõe a esse tipo de tarifa, vista como uma intrusão no livre mercado, em mais um exemplo de uma proposta de Trump que vai contra as ideias das principais correntes do partido.
Mesmo assim, os líderes republicanos por vezes relutam em condenar abertamente os planos de Trump.
O presidente eleito precisa de aprovação do Congresso para impor tarifas a uma empresa ou grupo de empresas específicas, segundo especialistas. O presidente tem mais liberdade para impor tarifas a grupos específicos de produtos importados, mas não para escolher empresas individuais que estariam sujeitas ao imposto.
O presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, também foi questionado sobre o assunto na segunda-feira (5), mas não falou diretamente sobre as tarifas. “Nós entendemos o que [Trump] quer dizer quando fala de reforma tributária inteligente. Sua preocupação é legítima –empresas americanas estão se mudando para outros países, estão enviando sedes e fábricas para fora do país”, disse ele em entrevista a um jornal de Milwaukee.
As críticas ao plano vieram também de comentaristas conservadores. “Cortes de impostos e desregulação vão fazer com que a economia dos EUA seja grande de novo, mas tarifas e guerra comercial vão fazer com que a economia afunde”, disse David McIntosh, presidente do Club for Growth, organização conservadora que defende o livre mercado. “Tarifas de 35% seriam devastadoras para os consumidores e para os negócios.”
O economista-chefe da Câmara de Comércio dos EUA, J.D. Foster, disse que as tarifas são “autodestrutivas”. “Você pode fazer as empresas virem para os EUA fazendo do país um local melhor para fazer negócios”, disse ele.
CARRIER
Na semana passada, Trump convenceu a empresa fabricante de aparelhos de ar-condicionado Carrier a ficar nos EUA, e, com ela, mil postos locais.
Em troca, ofereceu US$ 7 milhões de benefício fiscal ao longo de dez anos, fração dos US$ 65 milhões anuais que a Carrier economizaria com a transferência, segundo a CNN.