GUSTAVO URIBE, MARINA DIAS E VALDO CRUZ BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com a ameaça dos partidos do chamado centrão em retaliar a reforma previdenciária, o presidente Michel Temer reavalia a indicação de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo. A reação negativa de PSD, PP, PR e PTB levou o presidente a deixar para a próxima semana o anúncio do ministro que ocupará a vaga de Geddel Vieira Lima, que deixou o posto no mês passado.

Em meio à piora das crises política e econômica, Temer quer fazer um aceno ao PSDB, o principal fiador de sua administração, e atender à exigência dos tucanos de ter maior espaço na elaboração de políticas públicas, garantindo apoio ao seu governo. O nome de Imbassahy tem a simpatia do presidente e foi fechado no início da semana com a cúpula do PSDB, incluindo Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso. A ideia inicial era que a pasta ganhasse maior peso político, com atribuições em áreas como assuntos federativos e movimentos sociais.

Com receio da reação na base aliada, o presidente pediu cautela e ordenou que o Palácio do Planalto não confirmasse oficialmente a informação, que ganhou publicidade nesta quinta-feira (8). A estratégia é aguardar o final de semana e ganhar tempo para convencer os demais partidos a aceitar o tucano. As primeiras reclamações à indicação, no entanto, foram maiores do que o esperado pelo peemedebista. O centrão, que também reivindica o posto, ameaça travar a reforma da Previdência, uma das principais bandeiras da equipe econômica de Henrique Meirelles, caso Imbassahy seja nomeado como o novo articulador político. O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), classificou a escolha como “amadorismo”. “Toda ação provoca uma reação. Isso não é bom e o governo sabe disso”, afirmou. Os parlamentares do centrão reclamaram ainda que não haviam sido avisados por Temer. “Pelo compromisso que o presidente tem com o diálogo, ele informaria sua base”, disse Rogério Rosso (PSD-DF).

Para tentar contornar a crise, Temer se reuniu nesta quinta-feira (8) no Planalto com líderes do centrão. Eles, porém, ainda resistem. O presidente, então, marcou uma conversa com Aécio na semana que vem para discutir o aumento do espaço dos tucanos em seu governo. Com o imbróglio, o PSDB voltou a pleitear o comando do Ministério do Planejamento, o que não tem o respaldo de Meirelles. O ministro não quer interferências políticas na condução da economia.