THALES DE MENEZES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Numa época em que as gravadoras perdem importância no cenário musical, obrigando a sobrevivência dos artistas em esquemas independentes de produção e comercialização, o edital anual da Natura é visto por músicos e bandas como uma alternativa importante. São 11 anos de editais, que contemplam projetos ligados à música brasileira.

Até hoje, a iniciativa apoiou cerca de 1.350 produtos culturais: mais de 1.200 shows, 132 CDs, 26 DVDs, 21 livros e cinco filmes. O Natura Musical se transformou praticamente em um selo, lançando em média 20 discos por ano. Os contemplados nos editais recebem condições de gravar seu disco e também a realização de alguns shows, em praças escolhidas pelo alcance do trabalho de cada artista.

No ano que vem, com a inauguração do espaço de shows Casa Natura Musical, em São Paulo, deve dobrar a produção atual de shows, que tem agora média de 120 apresentações anuais. O catálogo do Natura Musical vai de Arnaldo Antunes, reconhecido nacionalmente, a Marcelo Jeneci, selecionado no início da carreira.

Em 2017, a lista de 25 nomes, divulgada nesta semana, vai da pernambucana Sofia Freire, 19, a Hermeto Pascoal, 80. Os editais têm uma divisão. Foram duas escolhas nacionais, uma por uma comissão de especialistas e outro por voto popular. Também foram feitos editais para três Estados: Bahia, Pará e Rio Grande do Sul, praças com forte histórico no Natura Musical. Abaixo, a lista do 25 novos integrantes do elenco do Natura Musical.

EDITAL NACIONAL

Anelis Assumpção – A cantora e compositora paulistana começou como backing vocal do pai, Itamar Assumpção, e fez parte da banda Dona Zica. Depois de dois álbuns, “Sou Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa” (2011) e “Anelis Assumpção e os Amigos Imaginários” (2014), ela lançará o próximo pelo edital.

Johnny Hooker – O cantor, compositor e ator pernambucano é um dos nomes mais importantes de uma cena musical LGBT. Vencedor como Cantor de Canção Popular no Prêmio da Música Brasileira, ele vai lançar o segundo álbum, que tenta repetir sucessos com “Amor Marginal”.

Nina Becker – A cantora e compositora carioca que despontou na Orquestra Imperial tem dois discos solo, lançados simultaneamente em 2010, “Azul” e “Vermelho”. Seu próximo disco será gravado ao vivo numa jam session.

Hermeto Pascoal – Aos 80 anos, o multi-instrumentista alagoano foi contemplado no edital para o projeto “Hermeto Pascoal e Big Band”, que inclui a gravação de um álbum acompanhada de um documentário.

Paulo Miklos – O cantor paulistano já tinha dois discos lançados em paralelo a seu trabalho nos Titãs, “Paulo Miklos” (1994) e “Vou Ser Feliz e Já Volto” (2001). Agora fora da banda, ele grava seu terceiro álbum solo, compondo com novos parceiros.

Xênia França – Baiana radicada em São Paulo, a vocalista da big band Aláfia, quer mesclar pop e ritmos afro-brasileiros no disco de estreia. Anuncia como temas a Bahia, a existência, a beleza e o poder da mulher negra.

EDITAL NACIONAL – VOTO POPULAR

Rubel – O cantor e compositor carioca mistura MPB e folk rock. Lançou em 2013 seu primeiro disco, “Pearl”, gravado em estúdio caseiro, e obteve mais de cinco milhões de views com o clipe de “Quando Bate Aquela Saudade”.

Sofia Freire – A pernambucana de 19 anos cria uma salada sonora com beats, psicodelia e até música erudita. Lançou em 2015 o disco “Garimpo”. No segundo, no ano que vem, deve mostrar mais o talento de cantora, compositora e pianista.

EDITAL DA BAHIA

Livia Mattos – Ela toca vários instrumentos, entre eles acordeão, e já fez trabalhos com Dominguinhos e Chico César. Com origens circenses, ela vai lançar seu primeiro álbum solo e apresentará a performance “A Sanfonástica Mulher-Lona”.

Lucas Santtana – Depois de turnê na Europa divulgando o álbum “Sobre Noites e Dias”, de 2014, o cantor e compositor vai lançar seu sétimo disco, “Modo Avião”. Terá um formato “áudio-cinematográfico”, com livro de João Paulo Cuenca e desenhos de Rafael Coutinho.

Mateus Aleluia e Os Tincoãs – Nos anos 1960 e 1970, os Tincoãs e seu líder Mateus Aleluia fizeram história na música baiana. Em 2017 sairá o livro “Nós, os Tincoãs”, no qual Mateus narra essa trajetória. O lançamento terá show de artistas influenciados pelo grupo.

O Quadro – Com mistura de música regional com hip hop, a banda já viajou pelo mundo e tem um álbum homônimo lançado em 2012. Seu novo trabalho terá participação de Letieres Leite e Mateus Aleluia.

Talita Avelino – Cantora e compositora paulista radicada em Salvador, ela lançou o álbum “Pequena Flor”, em 2013. O novo trabalho insere batidas eletrônicas em afrobeat, arrocha e reggae.

Xangai – Cantor que segue cultuado por uma legião de fãs, numa história paralela às correntes que se sucedem na MPB, Xangai tem 17 álbuns gravados. Seu projeto é um disco e uma série na internet, na qual narra histórias ao lado de outros compositores baianos, como Elomar, Gordurinha e Mateus Aleluia.

EDITAL DO PARÁ

Arthur Nogueira – Cantor e compositor, ele tem três álbuns: “Mundano” (2009), “Sem Medo Nem Esperança” (2015) e “Presente” (2016). No próximo disco, faz parcerias com grandes poetas brasileiros, como Alice Ruiz, Antonio Cícero e Eucanaã Ferraz.

Lucas Estrela – O guitarrista de formação acadêmica tocou com Gaby Amarantos e lançou o álbum “Sal ou Moscou” em 2016. O segundo álbum, no projeto da Natura, terá guitarrada, lambada e tecnobrega.

Luê – A cantora e compositora já teve um disco lançado pela Natura Musical, “A Fim de Onda”, de 2012. Ela faz experimentalismos sonoros, em flerte com a eletrônica. Paulo André Barata – Ele e seu pai, Ruy Barata, são nomes históricos no carimbó, com sucessos na voz de Fafá de Belém. O projeto comemora seus 70 anos com a gravação de um álbum com composições antigas e inéditas, cantadas por grandes da MPB.

Pio Lobato – Um dos nomes da guitarrada. Líder da banda Dona Onete, seu sexto disco seguirá com as experimentações do gênero que realiza desde os anos 1990. Os Reis do Eletro – As festas de aparelhagem de Belém são dominadas há tempos por David Sampler, Joe Benassi, Marcos Maderito e Waldo Squash. Eles levam música eletrônica para plateias periféricas.

Strobo – A dupla que mistura rock, carimbó e som eletrônico já tocou na Virada Cultural, tem três discos e hoje faz um trabalho com Marina Lima. No projeto para a Natura, vão gravar dez vídeos tocando inéditas nas ruas de Belém.

EDITAL DO RIO GRANDE DO SUL

Dingo Bells – Rodrigo Fischmann (voz e bateria), Diogo Brochmann (voz, guitarra e teclado) e Felipe Kautz (voz e baixo) fizeram sua estreia fonográfica no ano passado, com o álbum “Vida Moderna”. No segundo, querem aprimorar a mistura de música brasileira, rock, folk e soul.

Dom La Nena – A cantora e violoncelista Dominique Pinto vive em Paris e grava músicas cantadas em português, espanhol e inglês. Seu terceiro disco, de violoncelo e voz, terá participações da mexicana Julieta Venegas e do uruguaio Jorge Drexler.

Quinteto Persch – O grupo faz um trabalho de difusão do acordeão na música gaúcha. Seu projeto será o CD-livro “Chiquinho & Radamés”, escrito pelo músico e jornalista Arthur de Faria. Terá obras de Radamés Gnattali e parcerias com Chiquinho, grandes músicos gaúchos.

Renato Borghetti e Yamandú Costa – Destaques nacionais na gaita e no violão, os dois músicos propõem um encontro para ser registrado em CD e DVD. Eles querem resgatar as obras regionais que tocavam no início de suas carreiras.