MARINA DIAS, ENVIADA ESPECIAL FORTALEZA, CE (FOLHAPRESS) – Diante da resistência da base aliada à nomeação de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo, o presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira (9) que vai aproveitar o tucano em seu governo “no momento certo” e que ainda terá “várias conversas” antes de fechar o nome de novo articulador político do Planalto.

Segundo o presidente, Imbassahy não foi convidado para o cargo que, até o mês passado, era ocupado por Geddel Vieira Lima (PMDB), mas tem “muito apreço pessoal” pelo deputado do PSDB. “Apenas noticiou-se que ele já tinha sido convidado e ele não tinha, mas eu tenho o maior apreço pessoal por ele, conversarei com ele e devo aproveitá-lo no governo, não tenham a menor dúvida disso, mas tudo isso no momento certo”, disse Temer, após participar de um evento no Banco do Nordeste, em Fortaleza.

Questionado se a nomeação do tucano para o posto poderia ser adiada até o ano que vem, o presidente preferiu cautela e disse que “no momento oportuno, as circunstâncias dirão”. Nesta quinta-feira (8), o nome de Imbassahy figurou em Brasília como o novo ministro da Secretaria de Governo, o que gerou reações negativas do chamado centrão, grupo de parlamentares de partidos como PSD e PP, e que também reivindicava o posto.

A solução com Imbassahy era uma forma de Temer fazer um aceno ao PSDB, principal fiador de seu governo. O imbróglio, porém, fez o presidente suspender, por ora, a nomeação do tucano, com receio de tumultuar a votação na Câmara da reforma da Previdência, uma das principais bandeiras de sua gestão.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que acompanhava o peemedebista em Fortaleza, afirmou que a votação adiou a condução de Imbassahy ao cargo para depois do recesso. “Existe uma votação delicada na Câmara, que é a reforma da Previdência, e ele [Temer] acha que não é o momento adequado para causar algum tipo de ruído. Passado o recesso, ele vai fazer”, disse Jereissati. Para fevereiro está marcada a eleição para a presidência da Câmara, o que também tem causado disputa na base parlamentar de Temer.

Enquanto líderes do chamado centrão lançam suas candidaturas -o grupo deve fazer prévias para unificar o nome-, o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula-se para se reeleger. Imbassahy era um dos nomes do PSDB para o posto e, ao ser alçado à Secretaria de Governo, poderia compor em benefício da candidatura de Maia, hoje considerado por auxiliares de Temer o melhor para o Planalto.