Dois foragidos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP) morreram nesta manhã de segunda-feira, 16, em um confronto com policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE). Segundo as informações preliminares eles estariam escondidos em um barracão abandonado em Quatro Barras, cidade da Região Metropolitana de Curitiba, quando foram avistados pelos policiais que faziam rondas na região atrás dos presos que fugiram da PEP neste domingo, 15. Há informações, ainda não confirmadas, de que um dos mortos seria integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC).

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A rebelião no Complexo Penintenciário de Piraquara começou durante a madrugada deste domingo, 15, 28 foragidos presos fugiram. Destes dois morreram durante a troca de tiros com a equipe da Polícia Militar e do Setor de Operações Especiais (SOE), do Departamento Penitenciário (Depen). Outros quatro homens, que tentaram formar a equipe de apoio à fuga do Complexo Penal de Piraraquera, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foram presos. A resposta rápida do SOE evitou uma fuga em massa, disse secretário de Segurança Pública e Administração Penintenciária do Paraná, Wagner Mesquita. A estimativa é de que entre 300 e 350 presos poderiam ter fugido do Complexo.

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O local é onde ficam encarcerados os presos mais perigosos do Estado, sendo a maioria integrante de facções criminosas presentes nos presídios brasileiros. Por conta disso, o secretário não descarta que a ação tenha sido orquestrada por membros faccionados. Trata-se de uma ação orquestrada há muitos dias, preparada. A Polícia Civil vai investigar os envolvidos neste plano de fuga e as forças de segurança do Estado estão agora empenhadas para recapturar os detentos que conseguiram fugir, avaliou o secretário da Segurança Pública.

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O tumulto de presos, segundo as informações da Secretaria, começou por volta das 3 horas da madrugada desta domingo, 15, quando presos da Casa de Custódia de Piraquara (CCP) iniciaram um tumulto para chamar a atenção dos agentes penitenciários. A Polícia Militar e o SOE foram acionados para atender a ocorrência — assim como o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), unidade de elite da Polícia Civil.

Perto das 5h30, foram ouvidos dois fortes estrondos na Penitenciária Estadual de Piraquara 1 (PEP1). No local, havia um buraco na muralha, por onde os presos tentavam fugir. Do lado externo da penitenciária, um grupo de 15 homens fortemente armados dava cobertura. Eles entraram em confronto com os policiais que estavam nas guaritas e com as equipes que se deslocavam para prestar apoio. A fuga de mais presos foi evitada após as forças de segurança conseguirem acessar o perímetro interno da PEP1.

Durante a varredura, foram encontrados dois mortos na área externa do presídio. Com eles, havia uma metralhadora Uzi 9 mm, uma bolsa com 300 cartuchos calibre 5,56 e um colete balístico, uma barraca, com alimentos e bebidas, usadas com suporte à fuga.

Facção  — Pelo menos dois dos quatro presos pertencem à facção criminosa que age dentro e fora dos presídios em todo o país. “É inegável que uma ação desta, coordenada, planejada, com armamento pesado, e tendo como foco uma unidade prisional que abriga presos da facção criminosa, possa haver uma relação com os acontecimentos registrados no Amazonas, em Roraima e agora no Rio Grande do Norte”, comparou o secretário Walter Mesquita, se referindo a guerra entre duas facções criminosas. 

“Esta guerra (entre as facções) está acontecendo no Brasil todo e, por isso, há algum tempo, estamos fazendo a separação entre eles dentro dos presídios. Conseguimos reagir à altura, com a prisão de quatro homens. É uma frustração aos planos desta facção”, avaliou o diretor do Depen, Luiz Alberto Cartaxo de Moura. “A partir deste momento todas as atividades extraordinárias estão suspensas nas 33 unidades prisionais do Estado. Isso é um protocolo normal. Temos que fazer incursões dentro destas penitenciárias, para saber o que de fato está acontecendo. Vamos manter apenas a sacola com alimentos, assessoria médica, jurídica e odontológica até que a situação seja normalizada”, completou Cartaxo.   

Operação Alexandria — A investigação sobre o plano de fuga ficará concentrada no COPE — unidade de elite da Polícia Civil. “Com base no material apreendido, nas informações que estamos coletando e nesta ação coordenada por esta organização criminosa contra o Depen, nós vamos dar início a segunda fase da operação Alexandria”, adiantou o secretário. 

A operação Alexandria foi deflagrada em dezembro de 2015 quando foram cumpridos 767 mandados judicias de prisão contra integrantes da facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. Foi a maior operação policial feita no país contra esta organização criminosa. Mesquita adiantou ainda que nesta semana vai solicitar novamente ao Ministério da Justiça a transferência de alguns presos que ocupam posição de comando na facção criminosa para presídios federais. 

“O pedido de transferência foi feito logo após a operação Alexandria, mas até agora não tivemos uma resposta. Temos uma agenda esta semana com o ministro da Justiça e depois com o presidente da República e vamos reiterar a solicitação de remoção de presos, aqueles que nós temos informações que são parte desta organização criminosa. Vamos solicitar com ênfase para que sejam encaminhados para presídios federais”, afirmou o secretário da Segurança.