MARIA CRISTINA FRIAS, ENVIADA ESPECIAL DAVOS, SUÍÇA (FOLHAPRESS) – O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse que a revisão da expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2017 deverá se dar em dez dias e que o nível será baixo.

A decisão ocorre após uma piora da previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o PIB, agora de apenas 0,2%. “Vamos revisar em dez dias e analisar exatamente o que os indicadores que estão sugerindo para o crescimento em 2017”, afirmou Meirelles a jornalistas no Fórum Econômico Mundial. “Como tivemos uma forte recessão, vamos começar de um nível muito baixo, comparativamente aos 2% [anualizados, no final de 2017], anteriormente previstos”, acrescentou.

DÓLAR

O ministro disse que o governo não se preocupa com a valorização do câmbio. “O câmbio é flutuante no Brasil. Acreditamos que a melhor forma de administrar é não ter nenhuma meta para o real.” O tema do dólar forte tem sido muito comentado em Davos, depois das declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a moeda americana está muito valorizada.

Para o ministro, há uma percepção de que o crescimento será maior no mundo. “No caso do Brasil, as commodities subiram [após as eleições americanas]. Também temos benefícios do fato de o dólar forte ser consequência de no mundo estar vindo mais crescimento, expansão e, talvez, mais demandas para commodities.”

O Brasil vive uma situação diversa da experimentada em países emergentes, segundo Meirelles. “Estamos vendo previsão de entrada de recursos por investimentos que são atraentes. Não há saída de recursos como em outros emergentes. Temos equilíbrio na conta corrente.”

Ainda com relação à possibilidade de mudanças para o Brasil com o governo Trump, Meirelles lembrou que o Brasil ainda é uma economia fechada. “Ainda não tivemos os benefícios da globalização, como outros emergentes tiveram. O crescimento recente foi baseado no mercado doméstico e teremos de ampliar isso. Temos de nos tornar mais competitivos para disputar o mercado global.”

O ministro reforçou a necessidade de reformas e de criação de empregos. Também presente, Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, afirmou não estar preocupado com o dólar ou com a elevação de juros nos Estados Unidos pelo Fed (banco central dos EUA). “É uma normalização, é parte do processo. Vemos como sendo normal e que deve ser gradual. Não é má notícia, é uma boa notícia”, frisou Ilan. Ele lembrou que, apesar de o câmbio ser flutuante, a autoridade monetária dispõe, se necessário, de instrumentos, como swaps e reservas. “Usamos para prover liquidez em momento de estresse.”

O presidente do BC afirmou que a inflação no Brasil está caminhando para a meta e que a redução dos juros pode contribuir para o crescimento do país. “Mas não é o único”, acrescentou. Ilan enfatizou a necessidade de aprovação de reformas e de investimentos em infraestrutura para que a economia se recupere.