LEANDRO MACHADO E AVENER PRADO, ENVIADOS ESPECIAIS NATAL, RN (FOLHAPRESS) – A situação voltou a ficar tensa na Penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta (25 km de Natal) no final da manhã desta quinta-feira (19). Um novo confronto entre detentos de facções rivais foi iniciado por volta das 10h (11h no horário de Brasília). Desde o massacre de 26 presos no sábado (14), os detentos estão soltos e nos telhados da unidade.

A batalha campal foi iniciada quando presos ligados ao Sindicato do Crime do RN tentaram invadir o pavilhão 5, onde estariam os detentos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), que acabaram saindo do pavilhão para o pátio, dando início ao enfrentamento, com pedras e paus jogados.

Os membros do PCC montaram barricada com chapas e pedaços de madeira, já os presos do Sindicato ocupam o telhado de um dos pavilhões. Apenas um espaço de 50 metros separa os dois grupos. Houve muita correria durante cerca de uma hora. Não havia policiais dentro do presídio durante o confronto.

Policiais atiram das guaritas para tentar conter a invasão ao pavilhão 5 e evitar o confronto. Já os presos arremessaram objetos contra eles, na tentativa de revidar os tiros. Foram disparados tiros e bombas dentro da unidade de forma constante

FORÇAS ARMADAS

Apenas nos primeiros 15 dias do ano, em meio à disputa entre facções, 136 presos foram assassinados nas prisões do país, incluindo massacres no Amazonas, Roraima e RN. O governo federal, que nos últimos meses minimizou a guerra entre os grupos criminosos, anunciou na terça (17) a autorização para que as Forças Armadas possam atuar na varredura de presídios para ajudar a contornar a situação.

Horas antes dos ataques em Natal, Temer admitiu a gravidade da crise, com termos como “tormentoso drama” e “drama infernal” para se referir à situação. Falou da necessidade de “ousadia” para soluções (referência ao uso controverso das Forças Armadas), mas admitiu as limitações das medidas contra a crise. “Não será apenas a inspeção periódica que vai resolver o problema”, disse Temer. “Se não houver uma conjunção de esforços, não vamos ter a ilusão de que a simples menção às Forças Armadas irá resolver a questão. É puxar o primeiro fio de novelo.”

Detentos mortos em 2017

Os governadores de AM, RR e RN, onde houve os massacres neste ano, já pediram à União a presença das Forças Armadas para participar da varredura em prisões. Após reunião com Temer, governadores de outros sete Estados deram aval ao plano anunciado pelo presidente. O Exército somente entrará em locais em que não haja risco de rebelião -e sem manter contato com presos. Inicialmente, está prevista a mobilização de mil homens das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), divididos em cerca de 30 equipes, para atuar em presídios.

Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, as equipes devem iniciar as vistorias em até dez dias. As ações serão exclusivamente de varredura para detectar objetos como celulares, facas, explosivos, armas, barras de ferro e munição. Jungmann destacou que os militares não terão nenhum contato com os presos. O manejo dos detentos para que se verifique as celas será feito por polícias estaduais e agentes penitenciários.

O gasto inicial previsto é de R$ 10 milhões. O governo também anunciou a criação de um grupo de intervenção, para atuar como uma Força Nacional voltada para penitenciárias. O grupo seria formado por cerca de cem agentes penitenciários cedidos pelos Estados e sob coordenação dos governos, com custos compartilhados com a União. Eles seriam destacados para entrar nos presídios em crise ou sob ameaça e fazer a triagem da massa carcerária para localizar e separar líderes de facções criminosas.

19/01/2017 10h34 – Atualizado em 19/01/2017 11h56

Presos de Alcaçuz entram em batalha campal; há feridos

Confronto aconteceu após detentos voltaram a ocupar os telhados.
Penitenciária, a maior do RN, foi palco de matança no fim de semana.

 

Do G1 RN

 
 
 
 

Presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior presídio do Rio Grande do Norte, entraram em batalha campal na manhã desta quinta-feira (19). Após subirem em telhados dos pavilhões, membros de duas facções partiram para o confronto. Pedras, barras de ferro e vigas de madeira são arremeçadas de um lado a outro. Há informação de feridos. A Polícia Militar está na área externa da unidade. Do auto das guaritas, policiais fazem disparos na tentativa de conter a confusão.