SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O escritor nigeriano Wole Soyinka, ganhador do Nobel de literatura de 1986, afirmou ter destruído o seu green card como protesto pela eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Em novembro do ano passado, durante uma palestra logo após a eleição americana, o autor já havia dito que destruiria seu visto permanente -e agora ele anunciou que o fez mesmo.
“Na improvável possibilidade de Trump vencer, a primeira coisa que fará reavaliar a situação dos detentores de green cards. Não vou esperar por isso. Assim que ele vencer, vou destruir meu green card e fazer as malas”, disse o escritor na ocasião.
Desde 1998, com a morte do presidente Sani Abacha, que o perseguia, Soyinka tem vivido a maior parte do tempo na Nigéria. “Se eu precisar muito ir aos Estados Unidos, prefiro entrar na fila para um visto normal como qualquer outro. Não sou mais parte da sociedade [americana], nem moro mais lá”, afirmou.
Soyinka foi o primeiro escritor africano a ganhar o Nobel de literatura. Ele chegou a ser preso duas vezes, nos anos 1960, por fazer oposição ao governo nigeriano -e ficou famoso por escrever poemas de protesto de dentro da cadeia, em rolos de papel higiênico.
Em 1994, ele se exilou nos Estados Unidos, com apoio do ex-presidente americano Jimmy Carter. Mais tarde, em 1997, ele chegou a ser condenado à morte pela justiça nigeriana.