Um estudo divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) revelou que a obesidade e o sobrepeso vêm aumentando em toda a América Latina e Caribe. No Brasil, 35% da população estaria com sobrepeso, enquanto outros 20% estariam obesos. Isso significa que mais da metade da população (55%) está acima do peso ideal.

O Paraná, como um dos entes federativos, não foge à regra. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 10 anos o número de paranaenses mortos por complicações diretamente relacionadas à obesidade cresceu 79,13%. Já o índice de internações por conta da obesidade, também no período de 10 anos, mas num intervalo de tempo diferente, cresceu 375%.

Os dados do Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) apontam que em 2005 o Paraná havia registrado 115 mortes por obesidade, o que representa uma média de uma morte a cada três dias. Já em 2014, último dado disponível, foram 206 óbitos, com média de aproximadamente uma morte a cada dois dias – mais precisamente, um morto a cada 43 horas.

Já o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) indicam que em 2007 haviam sido internados 893 pacientes por conta de complicações relacionadas à obesidade, o que dá a média de cinco internações a cada dois dias. Em 2016 esse número havia saltado para 4.237, com a média de 12 internações por dia.

Os dados levam em consideração os as mortes e internações nas quais a obesidade aparece como uma das causas no atestado de óbito ou no registro de atendimento. O número de vítimas da obesidade, contudo, deve ser ainda maior, já que o excesso de peso é fator de risco para diversos tipos de doenças, como câncer, insuficiência renal, problemas cardíacos e diabetes.

 

Padrão alimentar

O estudo da FAO/OPAS, intitulado Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe, aponta ainda que um dos fatores que explica o aumento da obesidade e o sobrepeso é a mudança nos padrões alimentares. O crescimento econômico, o aumento da urbanização, a renda média das pessoas e a aproximação da região aos mercados internacionais reduziram o consumo de pratos tradicionais e aumentou o consumo de produtos ultraprocessados.


Campeão da inflação alimentar

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), entre as variáveis relevantes que determinam o acesso aos alimentos estão os preços, que acabam por determinar não só a quantidade de alimentos que a população pode adquirir, mas também a qualidade. Assim sendo, uma alta nos preços acabariam por limitar o acesso das famílias aos alimentos.

E a situação do Brasil não é nada boa. O estudo revela que o país era, em setembro do ano passado, o que registrava a maior inflação alimentar, com 12,4%, um pouco a frente do Haiti, com inflação de 12,1%. Em 2013, esse índice estava bem mais baixo, em 8,5%, o 6º maior da América Latina e Caribe. Desde 2015, porém, com o agravamento das crises política e econõmica, a situação vem se deteriorando.


Pesquisa

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná realiza avaliações nutricionais com os alunos da rede estadual todos os anos. O último censo feito pela Secretaria da Educação apontou

– O número de alunos com obesidade grave passou de 9,6%, na avaliação de 2014, para 8,5%

– Já os estudantes que apresentam magreza caiu de 2,4% para 2%

– O índice de alunos com sobrepeso se manteve nos 18%

– Também foi diagnosticado o número de estudantes com necessidades alimentares especiais, dos quais 0,4% apresentaram intolerância à lactose, 0,1% diabetes e 0,06% apresentaram doença celíaca (intolerância ao glúten)