Uma das maiores capitais do mundo – e também uma das mais jovens, quando comparada com cidades europeias e asiáticas – segue firme em direção aos 500 anos.

Nesses 463 aniversários, São Paulo recebeu refugiados de guerra, gente que procurava e procura uma nova oportunidade de vida, no verdadeiro caldeirão cultural com temperos e ingredientes de todo o planeta. São tantas as opções e atrações que a capital paulista se transformou em lugar ideal para viagens. O circuito cultural de teatros, cinemas, museus e casas de show é o maior do país. Sempre buscando o novo e o moderno, vive o movimento constante.


O famoso sanduíche de mortadela, do Mercado Municipal, tradição da capital paulista

Agora mesmo remaneja vias da cidade como Marginal Tietê e avenida Santo Amaro, contando para isso com os principais nomes na arquitetura nacional, gente pronta a redesenhar até o feio Minhocão, gente como Ruy Ohtake, Felipe Hess e Rafic Farah. Farah recebeu a colaboração de alunos da Escola da Cidade no projeto de transformação do Minhocão. Ao invés da demolição do monstro, o espaço seria dedicado ao povo, com um parque linear, pequenos museus, comércio, bicicletário, áreas de descanso, tirando do elevado Presidente João Goulart os carros.


No Mercado Municipal, variedades de frutas exóticas o ano todo

Para visitar – ou revisitar – São Paulo é bom ter um roteiro que inclua sugestões de hospedagem, de gastronomia, de programas à noite. O centro paulistano pode ser o início da descoberta, porque a região sempre passa por revitalização, com reapresentação de museus e opções culturais para turistas e os próprios habitantes da grande cidade. Moderno e antigo, a partir do início do século passado, estão bem representados na antiga estação de trens Júlio Prestes, reformada em 1999 para receber o complexo que destaca a Sala São Paulo, também sede da Orquestra Sinfônica do Estado. Acústica impecável fez a fama do novo espaço, só comparável às salas de Boston (Estados Unidos), Viena (Áustria) e Amsterdã (Holanda). Dá para agendar visitas monitoradas pela região. Uma das atrações da sala de concertos é o Café, que funciona como restaurante nos dias de semana.


No setor de alimentação da feira semanal no Liberdade, toda a gastronomia oriental disponível

O antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social, nas vizinhanças, o Dops de triste memória da repressão na era Vargas e no regime militar, foi transformado em museu em 2002. Nas exposições permanentes ficam painéis com arquivos da entidade, expondo fotos e documentos de personalidade como Monteiro Lobato. O Memorial da Liberdade, no subsolo, ficam textos e vídeos de depoimentos de ex-detentos.


Toda história no Museu Histórico da cidade

Também na região a indispensável visita à Pinacoteca do Estado, com um dos maiores acervos de pinturas e esculturas do Brasil, incluindo obras de August Rodin, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Pedro Américo, Almeida Júnior, Di Cavalcanti, Cândido Portinari. A vasta coleção de estátuas francesas, a amplidão dos halls que levam a diferentes acessos e as salas com telas desde os séculos 18 e 19, fazem sempre sucesso entre os visitantes. Uma seção exclusiva com retratos de personagens históricos como o Imperador Pedro II é destaque. Quando o dia for de sol e o clima agradável, a opção é seguir para o vizinho Parque da Luz, onde ficam expostas obras de arte ao ar livre.


Mosteiro de São Bento, tradição religiosa e gastronômica paulista

No outro lado do centro da cidade fica o Theatro Municipal, também projeto do arquiteto Ramos de Azevedo como a Pinacoteca e símbolos do movimento modernista brasileiro. O teatro é réplica da Ópera de Paris e foi sede da Semana de Arte Moderna onze anos depois de sua construção, em 1911, considerado na época como o prédio mais luxuoso do país. A decoração tem esculturas e afrescos de traços clássicos, principalmente nas majestosas escadarias e no Salão Nobre. Os vitrais foram importados de Stuttgart.


Monumento das bandeiras – Conjunto de estátuas no Monumento das Bandeiras

A cidade-capital foi criada pelos jesuítas que se instalaram na região há quase quinhentos anos. Trouxeram a cultura religiosa, simbolizada pelo Museu de Arte Sacra, instalado desde 1970 no Mosteiro da Luz, com acervo de mais de 4 mil peças entre imagens, livros raros, objetos litúrgicos de ouro e prata. As instalações do museu ocupam um dos mais importantes monumentos arquitetônicos do século 18, fundado em taipa de pilão pelo Beato Frei Antônio Santana Galvão. Uma das salas mantém as características da parte interna da construção.


Masp, cartão postal da capital paulista

Uma das atrações do museu é o presépio napolitano com mais de 1600 peças. Só existem outros três conjuntos dessa proporção no mundo: o de Nápoles, o de Roma e o de Nova York. Dentro do tema religioso, também é imperdível uma visita ao Mosteiro de São Bento, uma igreja em estilo nórdico-bizantino, cujas missas de domingo fazem parte da vida paulistana. Depois da missa, o mosteiro abre o setor para venda de bolos, pães e licores preparados pelos monges. Os monges mantém também uma loja em outro endereço, sempre movimentada.


Bairro da Liberdade, o oriente da capital paulista

O passeio paulistano continua com o Museu do Ipiranga, para os aficionados de história. Ficou fechado para reformas, longas e difíceis. Mas para todos os que gostam de arte, os caminhos levam ao Masp – Museu de Arte de São Paulo, na região da Avenida Paulista.


Jesuítas criaram a que é hoje uma das maiores capitais do mundo

Claro que com tantas influências de outras terras, não será difícil fazer uma viagem gastronômica ao redor do mundo. Culinária árabe, temperos asiáticos, a famosa cozinha italiana, os pratos da Europa Central, os requintes japoneses que atraem tantos turistas para o Bairro da Liberdade, onde São Paulo veste quimono, usa sapatos com solado de madeira e cordas, tem olhinhos puxados e aproveita das muitas opções de restaurantes de culinária japonesa e de outros países asiáticos. Neste final de semana tem início do Ano Novo Chinês, seguindo o calendário lunar. O Símbolo de 2017 será o Galo de Fogo. Vá curtir as festividades, que no mundo todo se prolongam por duas semanas. E aproveite as boas compras, tanto no Bairro da Liberdade, como nos elegantes shopping centers ou nos mercados de rua, como antiguidades e boas descobertas. E não esqueça de reservar algumas horas para o Mercado Municipal de São Paulo – Mercadão –, próximo ao comércio da 25 de março. É lá que estão os melhores produtos para quem gosta de cozinhar, comer bem, curtir sabores de outras terras. Com direito a pastel de bacalhau e sanduíche monumental de mortadela. Não dá para perder, não dá para esquecer.


O colorido vitral do Mercadão ilumina e faz história na atração paulista