Há quem diga que os sonhos impulsionam a vida. Para isto acontecer, contudo, é preciso ir à luta para realizá-los. E em Curitiba, não são poucos os exemplos daqueles que se alimentam da utopia para não deixar de caminhar, parafraseando o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano.

Um exemplo é o casal Fabiana de Oliveira Dangui, de 20 anos, e Rower Allan Ferreira da Silva, de 25. Os dois nasceram em Pinhão, na região Central do Paraná, onde se conheceram. No final do ano passado, após dois anos de namoro, decidiram que iriam se casar. Contudo, como a verba é curta — os dois são estudantes de Educação Física e se mantém em Curitiba com a bolsa de estágio —, tiveram de colocar a mão na massa.

Há cerca de um mês o casal tem marcado presença no semáforo da Rua Frei Rogério, entre a Avenida Francisco H. Dos Santos e a Rua Rodolpho Senff, no bairro Jardim das Américas. Ali, ela com um véu na cabeça e ele de gravata, empunham um quadro onde pedem aos que passam que comprem um bombom por R$ 2,50 para os ajudar no casamento dos dois.

Um amigo meu que deu a dica. Falamos para ele que queríamos nos casar, mas a situação estava difícil. Aí ele sugeriu vender bombom, alfajor, para ser mais tranquilo, relata Rower. No começo foi difícil, porque sou tímido. Mas conversamos (ele e a noiva), tomamos coragem e fomos para o semáforo. Já são quase quatro semanas e está dando muito certo. Tem até alguns que nem chegam a comprar bombom, só ajudam dando algum dinheiro e parabenizam pela iniciativa, comemora o noivo, que estima ser necessário arrecadar cerca de R$ 10 mil para o casório.

Outro que fez algo parecido para realizar seu sonho foi o jornalista Roberty Souza, que se formou no final do ano passado. Para conseguir pagar a formatura, em meados de 2016 ele decidiu começar a vender salgados (risóles e coxinha) na Universidade onde estudava. Para isso, utilizou-se dos dotes herdados da mãe, que trabalhava em confeitarias e padarias e foi quem o ensinou a cozinhar.

Eu vendia 70, 80 salgados por dia. Fazia cada um por R$ 0,75, num tamanho um pouco maior do que aqueles salgadinhos de festa. As vezes chegava na aula de noite, por volta de 23 horas, e já produzia os salgados para vender no dia seguinte, afirma Roberty.

No Peru — Também por um objetivo, o estudante Bruno Nishikawa se esforçou nos últimos meses para conseguir dinheiro e participar de um trabalho social no Peru durante as férias. Apesar de ser voluntário, precisou arcar com a passagem até Piura. Deu aula em cursinho, participou de projetos de extensão e, na reta final, como ainda faltava o dinheiro para despesas pessoais, vendeu panos de prato confeccionados pela mãe. No momento, está na sua última semana no Peru, onde chegou no dia 22 de dezembro passado.


Encontros e desencontros

A história de Fabiana de Oliveira Dangui e Rower Allan Ferreira da Silva teve início há cerca de 7 anos na cidade natal dos dois, Pinhão. Ele conta que a primeira vez que a viu foi quando passava pela rua e ela treinava com o time de vôlei da cidade. Tiveram um romance, mas nada sério e logo perderam contato. O reencontro aconteceu anos depois, em Curitiba, quando ele já cursava Educação Física numa universidade da cidade e ela estava se mudando para a Capital após ser aprovada na mesma instituição e para fazer o mesmo curso.

Nós tínhamos um romance, mas não era nada sério. Anos depois ela entrou em contato comigo pelo Facebook e logo em seguida ela veio para Curitiba, onde nos reencontramos e começamos um relacionamento sério, conta Rower. Decidimos nos casar porque já são dois anos de namoro e queremos fazer algo sério. Ela empre sonhou em casar na igreja e eu também. Somos católicos, frequentamos muito a igreja e queremos fazer a coisa certa, não queremos fazer nada ‘pelas coxas’, como se diz.