Desde crianças, aprendemos que não devemos julgar as pessoas pela aparência. As aparências enganam, diz o ditado popular. Já vimos acima que elas não enganam tanto assim, pois normalmente nos vestimos de acordo com nossa personalidade. Mas, especialmente em relação à discriminação quanto a classes sociais, essa é uma grande verdade. Devemos nos esforçar para não discriminar pessoas por elas estarem ‘mal vestidas’.

Porém, não é isso o que acontece na prática. As pessoas fazem juízo de valor o tempo todo e analisam uns aos outros constantemente. A primeira impressão é a que fica é o que nos ensina outro ditado popular muito verdadeiro. Assim que ‘batemos os olhos’ em alguém, imediatamente traçamos uma ideia até mesmo de caráter da pessoa. Claro que isso não é justo, nem correto, mas é da natureza do ser humano. Portanto, devemos os esforçar para não julgar os outros, mas temos que ter a consciência de que estamos sendo julgados o tempo todo – pela aparência.

Certa vez, num treinamento, uma moça comentou que ‘todo mundo’ achava que ela era prepotente, arrogante e presunçosa, mas que ela, de fato, não era. Todo mundo quem?, perguntei. E ela respondeu: Todo mundo: meus pais, meus chefes, meus colegas de trabalho e de faculdade… todo mundo! Opa… então pensei, mas não disse: Se todo mundo acha, alguma coisa deve estar errada… Então passei a analisar com a moça se algo de sua linguagem não-verbal poderia estar transmitindo a imagem de arrogância. Alguns elementos poderiam reforçar essa imagem: talvez o tom de voz da moça fosse muito agudo ou o volume fosse muito alto – é desagradável conversar com pessoas que falam muito alto; talvez a postura a fizesse ficar com a cabeça muito erguida, olhando os outros de cima e parecendo ‘nariz empinado’; talvez ela se vestisse com roupas mais refinadas ou mais extravagantes do que as dos colegas de trabalho… Tudo isso poderia sublinhar a ideia de um comportamento prepotente, mesmo que ela achasse que era uma pessoa bacana…

Por esse exemplo, podemos perceber que a forma como nos apresentamos podem fazer com que nossa presença seja mais – ou menos – agradável, com que a nossa pessoa seja mais – ou menos – aceita nesses ambientes. Por injusto que seja julgar pelas aparências, é certo que as pessoas respeitam mais quem elas acham que estão ‘apresentáveis’. Um professor com cabelos sujos, chinelos de dedo e roupa puída certamente terá mais dificuldade de conquistar respeito e admiração dos alunos do que outro que se apresente com um jeans clássico e uma camisa simples.

Estar bem vestido não é, necessariamente, usar roupas de grife ou da última moda. Apresentar-se bem é, antes de mais nada, mostrar cuidado com a higiene. Roupas limpas, bem passadas, no tamanho certo do nosso corpo (nem grandes, nem apertadas), cabelos bem cortados e bem penteados, unhas aparadas e bem-feitas, calçados em bom estado… tudo isso ajuda a compor um visual agradável aos olhos do grupo – e portanto, o visual de uma pessoa mais confiável aos olhos da sociedade.

Roupas muito marcadas por uma moda passageira – cores gritantes, modelos muito diferentes dos mais cotidianos – não são bem-vindas aos ambientes de trabalho, porque chamam muito a atenção dos colegas. Exemplos: calças boca-de-sino, saias pareô, calças fouseau, blusas tomara-que-caia, calças saruel…

No vestuário, é importante lembrar sempre que ‘menos é mais’. Excessos devem ser evitados para não poluir o visual. A ousadia pode estar presente somente nos detalhes. Estampas, cores vibrantes, acessórios exagerados carregam muito na composição do visual. Imagine, por exemplo, uma mulher vestida da cabeça aos pés com roupas estampa tigrinho – o visual fica pesado, poluído. Mas agora imagine a mesma mulher usando uma roupa toda preta, ou toda bege, com apenas uma echarpe com estampa de tigrinho – a estampa vai dar a ‘quebrada’ bacana, compondo um visual mais harmônico. O mesmo raciocínio deve se aplicar a acessórios e maquiagem.

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.