SILAS MARTÍ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos grandes nomes da arte povera, o artista grego Jannis Kounellis morreu nesta quinta, aos 80, em Roma, onde vivia desde a década de 1950. Foi na Itália, aliás, ao lado de nomes como Michelangelo Pistoletto, Alberto Burri e Giuseppe Penone, que Kounellis construiu sua obra plástica num dos movimentos mais marcantes da história da arte do pós-Guerra.
Famoso pelo uso de materiais não convencionais, de tambores usados por uma escola de samba no Rio a cavalos de verdade que levou a um centro cultural em Londres, Kounellis dizia que suas instalações eram exemplos de pintura que seguia outra lógica.
Ele se firmou no panteão das artes visuais em meio à onda de contestação que varreu a arte europeia depois da Segunda Guerra, aquilo que o crítico italiano Germano Celant depois resumiu como arte povera, ou arte pobre, vanguarda que ganhou corpo naquele país nos anos 1970.
Numa Itália ainda destroçada pelo conflito, o artista questionava a ideia de arte como indústria de criação de objetos estéticos e pensava instalações e esculturas a partir da ideia da dissolução da forma, da destruição e da aspereza.
Iconoclasta e irreverente, ele foi se renovando ao longo das últimas décadas, desde que chamou a atenção no circuito internacional na década de 1960. Ele, que esteve na Bienal de Veneza em 1972, sofreu uma espécie de reabilitação na cena global nos últimos anos, em especial no Brasil.
Há nove anos, Kounellis fez sua primeira individual no país, na extinta galeria Progetti, no Rio. Em 2015, também fez os cenários da ópera “Lohengrin”, de Wagner, no Theatro Municipal paulistano. A causa de sua morte ainda não foi informada.