CAMILA MATTOSO E GUSTAVO URIBE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, começou uma campanha para a vaga de ministro da Justiça, aberta após a indicação de Alexandre de Moraes para o STF (Supremo Tribunal Federal).

O assessor jurídico já indicou abertamente ao presidente Michel Temer a disposição de assumir a pasta e passou a buscar apoio na última sexta-feira, após a negativa do ex-ministro do STF Carlos Velloso em assumir o cargo. Procurado, Rocha disse que não se manifestaria.

O apoio mais forte é o de Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Embora não manifeste publicamente, Janot tem dito a interlocutores que aprovaria a escolha. Os dois se aproximaram nas sessões do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), do qual Janot é presidente.

Rocha é conselheiro desde 2015 e foi reconduzido ao cargo em dezembro do ano passado. A simpatia já teria sido inclusive declarada a Temer. Rocha também tem o apoio de aliados de Temer que articulam a nomeação na tentativa de aplacar os ânimos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O assessor da Casa Civil foi advogado do ex-deputado e seu nome é visto como um aceno a Cunha, que já mandou recados ao governo de que pode fechar acordo de delação na Lava Jato. Segundo pessoas que levaram o nome do assessor ao presidente, Temer ainda não se pronunciou sobre Rocha.

POLÊMICAS

Em oito meses no governo Temer, o advogado ganhou holofotes por ter protagonizado duas polêmicas. Em novembro, apareceu em gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero no caso envolvendo o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e uma obra em Salvador -Geddel deixou o cargo após o escândalo.

Recentemente, Rocha assinou petição em nome da primeira-dama, Marcela Temer, pedindo à Justiça de Brasília a proibição de publicação de informações sobre chantagem de um hacker sofrida por ela, o que lhe rendeu críticas por advogar particularmente para a família do presidente.

A Comissão de Ética Pública da Presidência vai investigar a conduta do subchefe de Assuntos Jurídicos no caso. Outros dois nomes que têm sido defendido no Palácio para a vaga de ministro da Justiça são os do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp e do ex-ministro do STF Cezar Peluso. Entre os cotados aparecem ainda Maria Tereza Uille, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).