DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – O veterano da política francesa François Bayrou, 65, abandonou a corrida presidencial nesta quarta-feira (22) e ofereceu uma aliança ao candidato independente Emmanuel Macron, 39.
A surpresa -era esperado que Bayrou concorresse- pode ser decisiva às eleições, disputadas em abril e maio.
O centrista Macron é hoje um dos favoritos à Presidência francesa. Ele concorre com o conservador François Fillon, dos Republicanos, e com a ultra-direitista Marine Le Pen, da Frente Nacional.
O apoio de Bayrou, que concorreu três vezes ao cargo, aumenta suas chances de chegar ao segundo turno, onde pode vencer o pleito.
Uma pesquisa divulgada na quarta-feira indicava o empate de Macron e Fillon no primeiro turno, ambos com 19%. Le Pen teria 26,5%. Bayrou, 5,5%.
Le Pen seria, no entanto, derrotada no segundo turno tanto por Macron quanto por Fillon.
As sondagens estimam que Le Pen teria 43% dos votos caso concorresse contra Fillon e 40% numa disputa com Macron.
Bayrou anunciou a aliança com Macron dizendo que a situação é “extremamente arriscada” e, portanto, exige uma “resposta excepcional”.
Macron, por sua vez, aceitou a proposta e afirmou à agência de notícias Reuters se tratar de um ponto de inflexão em sua campanha.
Eles devem se reunir na quinta-feira (23) para discutir os termos de sua parceria.
O euro valorizou-se em relação ao dólar após o anúncio da aliança. Investidores têm se preocupado com a possibilidade de que a radical Le Pen e sua plataforma xenófoba vençam o pleito.
A eleição de Le Pen, crítica ao processo de integração dentro da União Europeia, é vista como ameaça à estabilidade do bloco econômico.
Bayrou descreveu a candidata como um risco à França e também à Europa.
CORRUPÇÃO
As eleições francesas têm sido marcadas, nos últimos meses, por reviravoltas e escândalos de corrupção.
O conservador Fillon, que chegou a ser um dos favoritos, tem caído nas pesquisas devido à acusação de que pagou sua mulher em um cargo público que não exerceu.
A sigla de Le Pen, por sua vez, está sendo investigada por pagamentos irregulares com fundos da União Europeia. O guarda-costas da candidata teria sido pago como assistente parlamentar.
A polícia deteve o guarda-costas e a chefe de gabinete de Le Pen para interrogatório na quarta-feira (22).
Le Pen nega as acusações e afirma que as investigações visam ferir sua campanha justamente em seu ápice.