NICOLA PAMPLONA E LUCAS VETTORAZZO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Corregedoria da Polícia Militar do Rio abriu um inquérito para investigar a participação de oficiais nos bloqueios em portas de batalhões iniciados no último dia 10.
Nesta quarta, foram recolhidos para averiguação celulares de oficiais considerados suspeitos. As buscas foram autorizadas pela juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Justiça Militar do Rio.
A reportagem teve acesso a um dos mandados de busca e apreensão, que autoriza ainda a quebra de sigilo de dados telefônicos dos aparelhos, incluindo agenda telefônica e mensagens trocadas em aplicativos de comunicação.
Com uma pauta de reivindicações que ia do pagamento de salários atrasados a melhores condições de trabalho, os protestos tiveram como inspiração manifestações ocorridas no início do mês no Espírito Santo, provocando uma onda de saques e assassinatos.
BATALHÃO
No Rio, os bloqueios foram iniciados no dia 10 e perderam força após o pagamento dos salários do mês de janeiro, que ocorreu no dia 14.
A reportagem confirmou que ao menos dois oficiais tiveram os telefones apreendidos nesta quarta. Procurada, a PM ainda não se manifestou.
Um dos investigados é marido da ex-deputada estadual pelo PSOL Janira Rocha, que é tenente da reserva. Segundo ela, a busca foi feita em sua casa às 7h por três homens da corregedoria da PM.
“Eu denunciei o caso nas redes sociais e recebi a informação que vários policiais cujos familiares participaram do movimento receberam a visita da corregedoria”, disse.
De acordo com ela, mandados do tipo foram cumpridos em diversos pontos do Estado nesta quarta. Rocha criticou a medida, alegando que o movimento foi coordenado por familiares e não pelos próprios policiais.
“Eles estão identificando as mulheres mais atuantes e apreendendo o celular de seus maridos, no intuito de descobrir se fizeram parte ou não do movimento”, afirmou. “Isso é absurdo porque ninguém pode ser responsabilizados por atos de terceiros.”
“Querem imputar na gente responsabilidade pelos protestos, mas em nenhum momento houve esse tipo de situação”, defendeu-se o tenente Nilton da Silva Pereira, que também teve o celular apreendido na manhã desta quarta.
Ele lidera o movimento SOS Polícia, que vem promovendo uma série de protestos contra a situação da segurança no estado do Rio e teve importante papel nos protestos contra o pacote anticrise do governo estadual no final de 2016.
O tenente nega, porém, ligação com o movimento das mulheres de policiais. “O SOS Polícia é uma coisa nova e eles estão querendo nos desarticular”, acusou.