A prefeitura de Curitiba fechou 2016 com um superávit primário de R$ 454 milhões, mas o novo secretário das Finanças da Capital, Vitor Puppi, classificou ontem esse resultado como esquizofrênico, em audiência pública de prestação de contas do município na Câmara de Vereadores. Segundo ele, o dado é enganoso porque não leva em conta a dívida de R$ 1,2 bilhão que a administração do atual prefeito Rafael Greca (PMN) diz ter herdado do antecessor, Gustavo Fruet (PDT).
De acordo com Puppi, caso esse rombo fosse contabilizado, o resultado na verdade seria de um déficit de mais de R$ 500 milhões. Curitiba precisa de uma correção de rumo, afirmou, alegando que só a dívida com fornecedores é de mais de R$ 800 milhões.
O secretário lembrou a situação preocupante, mas destacou que os esforços – como a negociação com credores – vem dando os primeiros resultados, principalmente quando comparados à situação de outras capitais, que têm, inclusive, parcelado salário de servidores e interrompido serviços à população. De qualquer forma, são necessárias medidas mais robustas de saneamento, disse Puppi, sob risco de sério comprometimento de serviços. A capacidade de pagamentos (aos credores) de curto prazo está muito comprometida, afirmou. É um valor muito grande para uma cidade do porte de Curitiba, e que se avolumou nos últimos anos.
Além de manter a máquina andando, a Prefeitura também prepara um ajuste fiscal a fim de restabelecer o equilíbrio entre receitas e despesas, disse o secretário. Segundo ele, o resultado orçamentário do ano passado traz um saldo positivo de R$ 713 milhões também é questionável. A primeira vista isso parece bom. Mas a realidade financeira é outra.
Segundo ele, é preciso acrescentar, por exemplo, os R$ 614 milhões de despesas que teriam sido deixadas sem empenho pela gestão anterior. A proporção dos pagamentos sem empenho se tornou foi muito grande, disse Puppi, notando que o valor é superior à arrecadação de um ano da cidade com o IPTU, segunda principal fonte de receita própria.