SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Juros em queda no Brasil e mais distantes de uma alta nos Estados Unidos fizeram o dólar recuar para R$ 3,05 nesta quinta-feira, acompanhando o movimento visto no cenário externo. A moeda americana se desvalorizou ante 22 moedas emergentes. Já a Bolsa brasileira foi afetada pelos resultados das companhias e passou por mais um dia de baixas. No exterior, não havia tendência definida para as Bolsas mundiais. O dólar comercial (usado em operações de comércio exterior) terminou o dia em baixa de 0,42%, a R$ 3,0580, enquanto a cotação à vista (referência para o mercado financeiro) recuou 0,53%, para R$ 3,0645. Esse é o menor patamar de fechamento desde junho de 2015, quando a crise econômica brasileira ainda não havia adquirido dimensões graves e o Brasil mantinha o selo de bom pagador, concedido pelas agências de classificação de risco. Nesta quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) cortou os juros brasileiros de 13% para 12,25% ao ano, a segunda redução de 0,75 pontos percentuais. A medida era amplamente esperada pelo mercado. Também nesta quarta, a ata do último encontro do Federal Reserve (banco central americano) mostrou que muitos membros do colegiado disseram ser apropriado aumentar os juros “em breve”, caso os dados de emprego e inflação estejam alinhados com as expectativas. O Fed se reúne novamente para tratar de política monetária nos dias 14 e 15 de março. Entre os membros com direito a voto, no entanto, havia muito menos urgência de aumentar as taxas, com muitos vendo apenas “risco modesto” de que a inflação aumentaria significativamente e que o Fed “provavelmente teria tempo suficiente” para responder se surgissem pressões sobre os preços. Dessa forma, os investidores ganharam tempo para deixar seus recursos aplicados em países de maior risco, como é o Brasil. outras praças, como a brasileira. Juros maiores pelo Fed têm potencial para atrair recursos à maior economia do mundo. O CDS (Credit Default Swap, uma espécie de seguro contra calotes) do Brasil recuou 1,81%, para 220,241 pontos. BOLSA EM QUEDA A Bolsa brasileira, que começou a semana superando os 69 mil pontos, experimentou mais um dia de queda. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, recuou 1,64%, para 67.461 pontos. O desempenho negativo veio do resultado decepcionante das companhias listadas, mas acabou contaminando todos os segmentos. A Vale reverteu prejuízo registrado em 2015 e terminou 2016 com lucro de R$ 13 bilhões. Sua produção de minério de ferro bateu recorde e, com a recuperação dos preços da commodity no mercado internacional, a empresa registrou crescimento nas receitas. No começo da manhã, a recepção dos números da companhia havia sido positiva, e as ações chegaram a registrar ganhos. No começo da tarde, no entanto, a direção se inverteu e os papéis recuaram mais de 4%. As ações preferenciais caíram 4,15%, para R$ 31,65, enquanto as ordinárias caíram 4,38%, para R$ 33,17. Com a baixa de hoje, os papéis devolveram os ganhos registrados na segunda-feira, quando a companhia anunciou plano de pulverização de controle. A Petrobras ignorou os sinais positivos do mercado de petróleo e também teve um dia negativo. As ações preferenciais recuaram 0,89%, a R$ 15,56. Os papéis ordinários cederam 0,72%, para R$ 16,48. O barril de petróleo tipo brent avançava 1,13%, para US$ 56,47. As ações do setor financeiro também foram um destaque negativo. O quatro grandes bancos com capital aberto (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil) experimentaram perdas acima de 1% nesta quinta. Por fim, as ações da Natura cederam 6,17%, para R$ 25,11 com o resultado. A empresa apurou lucro líquido consolidado de R$ 201,8 milhões no quarto trimestre, 38,8% ante igual período de 2015, enquanto a receita caiu 1,6% por cento na mesma base, para R$ 2,29 bilhões. Em comentário a clientes divulgado após a teleconferência, analistas do Credit Suisse disseram sentir falta de detalhes sobre os esforços da Natura para melhorar o canal direto de vendas e que o desempenho da empresa têm sido muito inconsistente nos últimos tempos. JUROS Com a sinalização do Copom de que, daqui para frente, a Selic deve cair de forma mais acelerada, os contratos de juros futuros negociados na BM&FBovespa tiveram forte queda nesta quinta. O vencimento janeiro 2018 recuou de 10,465% para 10,335%. O contrato para janeiro de 2021 caiu de 10,180% para 10,040%.