A Copel colocou em operação, nesta sexta-feira (24), uma nova linha de transmissão conectando as subestações Ponta Grossa Norte e Klacel (Klabin Celulose). O empreendimento absorveu R$ 44,3 milhões em investimentos. Trata-se de uma importante conquista para toda a região central do Paraná, afirma o presidente da Copel, Luiz Fernando Leone Vianna. Além de reforçar a transmissão de energia por todo o sistema elétrico paranaense, ela aumenta a capacidade de atendimento ao crescimento futuro de cargas nesta região, estimulando o desenvolvimento econômico. 

A linha recém-energizada opera em 230 mil volts (kV) e tem 97 km de extensão, passando pelos municípios de Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi, Ventania e Telêmaco Borba. A construção do novo circuito durou oito meses e envolveu 215 trabalhadores na linha de frente. Ao todo, foram instaladas 193 torres e 291 km de cabos condutores. 

Esta é a segunda etapa de reconstrução da antiga linha de transmissão Figueira – Ponta Grossa Norte, que operava há mais de 50 anos na região. O primeiro passo, em 2015, foi conectar a Klacel ao Sistema Interligado Nacional, dividindo a linha existente em duas. Já a terceira e última fase do projeto, que deve ser concluída até julho deste ano, consiste na reforma do trecho final de 42,5 km entre Klacel e Figueira, orçado em R$ 19,4 milhões. 

MEIO AMBIENTE – As obras de reconstrução da linha foram acompanhadas de uma série de projetos de proteção e compensação ambiental, voltados, por exemplo, ao gerenciamento de resíduos sólidos, afugentamento e resgate de fauna, resgate de amostras vegetais (germoplasma), arqueologia, entre outros. 

Mas o principal ganho para o Estado está na mudança do traçado da linha. O antigo circuito Figueira – Ponta Grossa Norte atravessava o Parque Estadual do Guartelá e a RPPN Itatyba, pois foi construído antes da instituição dessas áreas como Unidades de Conservação (UCs). Agora, a linha não passa mais nesses locais, atendendo a uma solicitação do Instituto Ambiental do Paraná. 

Essa mudança traz vantagens tanto para as unidades de conservação quanto para a Copel, que precisava dispor de veículos adaptados especialmente para circulação no Parque e de uma Autorização Ambiental específica a cada inspeção realizada na linha, explica o diretor Sergio Luiz Lamy. 

RIQUEZAS – As linhas de transmissão originadas da reforma do circuito Ponta Grossa Norte – Figueira estão também mais distantes de sítios arqueológicos rupestres de alta relevância para o Estado. Esse afastamento reduz a circulação de máquinas e pessoas no local, favorecendo a preservação desse patrimônio. 

Além desse cuidado, a Copel implementou um Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico nas áreas de influência da linha de transmissão, promovendo investigações e ações educativas voltadas à valorização e preservação da cultural local. 

Os especialistas envolvidos afirmam que as descobertas feitas na região são uma fonte valiosa de informações sobre o modo de vida e a cultura material produzida pelos grupos humanos do passado: A transformação de argila em vasos cerâmicos, por exemplo, demonstra o domínio de técnicas de produção com controle de fatores como tempo, materiais e temperaturas, explica o arqueólogo responsável pelo projeto, Valdir Luiz Schwengber. 

Para vasculhar o passado, os pesquisadores lançam mão de equipamentos e técnicas bastante atuais. Com o emprego de tecnologias digitais, associadas aos métodos tradicionais de documentação, hoje são recuperados motivos pintados nas paredes perdidos no tempo e imperceptíveis a olho nu, revela Jedson Francisco Cerezes, arqueólogo da equipe. 

Durante o desenvolvimento do programa, foram realizados estudos em diversos sítios arqueológicos históricos pré-coloniais – onde foram encontrados materiais líticos (pedra lascada) e cerâmicos – e em sítios de arte rupestre, caracterizados por pinturas em paredes rochosas. Inúmeros sítios dessa natureza foram documentados e recadastrados no entorno do Parque Estadual do Guartelá. 

Paralelamente à pesquisa de campo, a Copel promoveu um Programa Integrado de Educação Patrimonial, incluindo levantamento de cultura imaterial (saberes e fazeres) nos municípios abrangidos pelo empreendimento e atividades com estudantes como oficinas de cerâmica e arte rupestre e pesquisa para resgate da culinária tradicional. Funcionários, guias e condutores de turismo que atuam no Parque Estadual do Guartelá e arredores também participaram de cursos de capacitação promovidos pela empresa. 

Ao término dos trabalhos, todo o conhecimento adquirido com as pesquisas de patrimônio arqueológico será organizado e enviado ao Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história da Universidade Estadual de Maringá.