A equipe de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria de Estado da Saúde coletou mais de 3,5 mil lagartas do gênero Lonomia, em Cruz Machado, região Centro-Sul do Paraná. Os insetos recolhidos foram enviados ao Instituto Butantan, em São Paulo, e contribuirão para a produção de até 15 mil frascos do soro antilonômico, utilizado no tratamento dos acidentes causados pela própria lagarta.

Desde 1989, monitoramos a ocorrência da Lonomia em todo o Estado. Esse trabalho é feito em parceria com as equipes de vigilância dos municípios, que realizam coletas periódicas em suas regiões, principalmente nos meses de primavera e verão, quando são mais incidentes, conta o biólogo da secretaria estadual, Emanuel Marques.

Em Cruz Machado, após o primeiro acidente confirmado pela Lonomia em 1996, a Secretaria da Saúde do município implantou a vigilância desses insetos realizando coletas com a ajuda da população. Com este trabalho, desde o final da década de 1990, já foram encaminhadas milhares de lagartas ao Butantan para a produção do soro.

LAGARTA – A Lonomia, conhecida também como oruga, taturana ou lagarta de fogo, foi identificada em vários estados brasileiros. No entanto, é mais comum encontrá-la na região sul do país. No Paraná, já foi confirmada sua presença em 126 municípios. Até o momento, somente as regiões de Maringá, Paranavaí e Cornélio Procópio não possuem registro do inseto. 

Essa lagarta tem coloração marrom esverdeada, possui cerdas ou espinhos em forma de ‘pinheirinhos’ e manchas brancas no formato da letra U no dorso e mede aproximadamente sete centímetros de comprimento. Em geral, vivem em grupos em partes baixas de troncos de árvores e são mais comuns no meio rural, eventualmente podem surgir em áreas urbanas.

Os espinhos da lonomia contêm uma toxina que pode causar acidentes de leve, moderada ou grave intensidade. Dependendo da quantidade de veneno, o sangue fica incoagulável, levando a uma hemorragia que se não tratada pode causar a morte do paciente em até quatro dias, explica Marques. 

PREVENÇÃO – Para evitar acidentes ao caminhar por áreas de mata é importante olhar atentamente para as folhas e troncos das árvores e verificar a presença de folhas roídas, casulos e fezes de lagartas. O biólogo também recomenda a utilização luvas para manipular árvores frutíferas ou em atividades de jardinagem.

A alimentação do inseto acontece no período noturno e, na maioria das vezes, inclui folhas de árvores silvestres como aroeira, pessegueiro-bravo, erva-mate, caúna, congonha, capitão do mato e algumas frutíferas como pêssego, ameixa, abacate, goiaba, maçã, detalha Emanuel. 

ACIDENTES – Todos os acidentes com lonomias devem ser comunicados pelos serviços de saúde. Em 2014, no Paraná, foram notificadas 27 ocorrências com a lagarta, 25 em 2015, e 35 em 2016. A maior parte delas ocorreu nas regiões de União da Vitória e de Pato Branco.

O que fazer em caso de contato com a Lonomia:

1. Lavar o local do contato de preferência com água e sabão;

2. Não fazer cortes, perfurações ou torniquetes e não colocar produtos caseiros, pois agravam o envenenamento;

3. Manter o acidentado calmo. Também é possível oferecer água ou chá para beber;

4. Encaminhar a vítima rapidamente para o serviço médico mais próximo. Se possível, levar a lagarta, mesmo morta, para facilitar o diagnóstico.

Lembre-se de nunca utilizar remédios caseiros e de seguir sempre as orientações médicas. O soro antipeçonhento será indicado após avaliação do quadro clínico.

Em caso de emergências, também é possível acionar o Centro de Controle de Envenenamentos pelo telefone 0800 41 0148.