Declarações recentes do ex-jogador Alex e do ex-vice-presidente do Coritiba, Ricardo Guerra, deixaram claro que as eleições estão a todo vapor no Alto da Glória. Pelo histórico da atual administração e seus opositores, tenho a impressão (e temo) de que essa será a de mais baixo nível dos últimos tempos, justamente no momento em que o time mais precisa de um debate de ideias e uma revolução administrativa. Queria estar errado, mas acho que não.

Os resultados obtidos e o estilo de administração da atual diretoria por si só já deixam claro o tamanho do pepino que o presidente Rogério Bacellar terá que descascar. Em termos de números, sejam da diminuição da dívida, seja no acréscimo de troféus na prateleira, a coisa é assustadora.
Não acho que o trabalho de quem quer que esteja à frente do Coritiba seja fácil. Muito pelo contrário. Um título aqui, uma acertada ali (em qualquer coisa) e uma revelação acolá são capazes de garantir a continuidade de um presidente. Mas no ano em que mais precisaria disso, o Coxa começou deixando o torcedor aterrorizado.

Eliminado da Copa do Brasil, sem participar da Primeira Liga e sem vaga na Sul-Americana, não conquistada por sua exclusiva incompetência, deixaram apenas o desprestigiado (só não digo irrelevante, pois ainda acredito num Estadual mais forte do que é, desde que BEM administrado. O que obviamente não acontece) Campeonato Paranaense e o Brasileirão como oportunidades de redenção para o Alviverde.

Os resultados, o desempenho e uma troca de comando técnico já nos primeiros dias mostram que o calvário do torcedor está apenas começando.

Este ano teremos o embate dos anti-surfistas indomáveis contra a atual diretoria. O problema é que nem esse grupo, subdividido em algumas correntes, se entende e sequer se respeita. Uma oposição só é forte quando une forças e discursos, além de apresentar um projeto de gestão diferente. Assim fica mais fácil enfrentar alguém ou grupo que está na situação. Entretanto, do jeito que anda a Era Bacellar, não me parece muito complicado a troca de poderes no Alto da Glória.

O atual presidente apostou em um político de carreira, Alceni Guerra, e dois veteranos da cartolagem Coxa. Longe de questionar as qualidades e habilidades de Fernando Macedo e Ernesto Pedroso, mas é nítido que o que esta sendo feito não está dando certo. Insistir no erro me parece bem arriscado, especialmente quando o erro já está sendo repetido.

Na oposição ouvimos claramente os nomes de Vilson Ribeiro de Andrade, João Carlos Vialle e Luiz Betenhauser Jr como as opções para encarar o bate-chapa. Todos coxas-brancas de paixão inquestionável.

Quisera eu e todos os torcedores do Coritiba que houvesse uma discussão ampla de propostas e projetos. Nunca o debate de ideias foi tão necessário no clube, mas infelizmente ele dificilmente acontecerá. O modelo de votação tem pouco espaço para este tipo de debate e seria preciso uma divulgação ampla das plataformas dos candidatos, discussões extensas sobre a gestão que cada um propõe com humildade e margem para ajustes.

Somado a isso as falhas da atual administração e o histórico dos potenciais candidatos, podemos esperar ataques, dossiês (não que esses não sejam úteis, muito pelo contrário) e baixaria. Espero que o futuro do Coritiba não seja mais uma vez um joguete nas mãos de poucos.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário.