Nos últimos tempos, o dinheiro nem sempre tem chegado até o fim o mês, pelo menos, para grande parte dos brasileiros. Por isso, o jeito é tentar economizar de todos os lados e evitar gastos supérfluos. Quando estes cortes já foram feitos e não há mais muito o que fazer, o jeito é mudar o modo de consumir. E para este caso, cada família tem uma receita. Mas, o que grande parte delas tem feito é também mudar o tipo de estabelecimento onde a compra é feita. Os dados da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (Abaas) revelam que o varejo está perdendo espaço e o a tendência é o chamado atacarejo. O termo foi dado para as empresas que misturam varejo e atacado e que, unidas, formaram a Abass. Em média, os preços chegam a ser 20% menores, segundo estimativas do setor. 

O empresário Carlos Orlatein e Marinês Cardoso da Silva, por exemplo, compram em quantidade e fracionam os produtos para serem congelados. Além de realizarem as compras no chamado atacarejo, eles ainda ficam de olho nas promoções das lojas que trabalham com o sistema em Curitiba. Tudo é bem mais barato, afirma. Para não ter prejuízo, ele revela que tem dois freezers onde armazena os produtos. No final de fevereiro, eles aproveitaram as ofertas de salsichas e embutidos.

Já Francisca Silva dos Santos, auxiliar de serviços gerais, reúne a família para poder comprar em quantidade e, deste modo, conseguir os descontos oferecidos pela loja do Muffato Max, da Linha Verde, em Curitiba. Além isso, ela dá preferência para as chamadas embalagens econômicas. Os galões de amaciante estão com preço bom e o prazo de validade está longe, conta.

Já o inspetor de qualidade, Adriano Baumgartner, e a família têm outra estratégia. Vamos uma única vez no mês ao mercado, conta. Acompanhado da mulher Bernadete Baumgartner, professora de educação infantil, e as filhas Amanda e Letícia, ele conta que compram o suficiente para dar para o mês. Muito raramente falta, mas aí compramos em um mercadinho perto de casa, diz Bernadete. Sobre as filhas estarem juntas, os dois afirmam que é uma forma de educarem as meninas para o consumo consciente. Elas não são de pedirem muita coisa, mas quando pedem pedimos para que escolham apenas um dos pedidos, diz Baumgartner.

Lojas têm práticas diferentes

Em Curitiba há grandes marcas que trabalham com o chamado atacarejo: Maxxi Atacado, do Wal Mart, Makro e Muffato Max. No entanto, cada uma delas têm políticas diferentes para que o consumidor tenha acesso aos preços menores. No Muffato Max, os consumidores não precisam se cadastrar e nem pagar mensalidades para ter direito aos descontos do atacado.

Segundo o gerente da loja Muffato Max, da Linha Verde, em Curitiba, Márcio Alves Rocha, dependendo do tipo de produto há descontos a partir da terceira unidade, mas o desconto não é cumulativo. Um detergente de louça, por exemplo, que tem o preço unitário de R$ 1,85. O desconto no valor da unidade passa a valer a partir da compra de três produtos, quando cada unidade sai por R$ 1,50. Os valores apontados são apenas ilustrativos.

No Maxxi é necessário o cadastro prévio, mas a política é a mesma do Muffato Max. Os consumidores podem comprar produtos em diferentes tipos de embalagens: caixas fechadas, fardos, packs ou unitários.

Já no Makro para ter acesso aos preços de atacado, o consumidor precisa fazer o chamado Passaporte Makro. O cadastro pode ser feito pelo site da empresa.

Já no Sam’s Club, embora atue no varejo e no atacado, a proposta do grupo Wal Mart para a marca é outra. A ideia é oferecer aos associados um clube de compras, onde eles terão também acesso a preços mais em conta, a produtos importados e exclusivos e embalagens econômicas. Mas para ter acesso é necessário se cadastrar e pagar uma mensalidade anual de R$ 70. Os preços, quando comprados em quantidade, também são os cobrados no atacado.


Rápida

Setor

O atacarejo, em 2016 cresceu 14% e a estimativa para este ano é de manter o crescimento no mesmo patamar, conforme declaração. A participação do atacarejo nos domicílios passou de 40,9% até setembro de 2015 para 46,4% no mesmo período de 2016. No mesmo período, os supermercados caíram de 43,6% para 40,5%, segundo Instituto Nielsen.