A última vez que falei do Paraná Clube aqui no Bem Paraná foi no dia 25 de janeiro. Na ocasião, ainda sem a bola rolar, falei sobre o que o time poderia viver em 2017, tendo como base o horroroso 2016. O clima era de expectativa sobre o trabalho da nova gerência de futebol e o trabalho do técnico Wagner Lopes.

Apesar do otimismo, confesso que o pé atrás com tudo que diz respeito ao Paraná me assombra, assim como preocupa o torcedor a cada início de temporada. Mas, neste caso, o pé atrás parece ter sido uma tentativa de impulso para saltos maiores e mais interessantes.

O quadro atual mostra o Paraná líder isolado do Estadual, classificado para a fase ida e volta da nova Copa do Brasil após uma convincente classificação contra o Bahia e também a iminente classificação para a fase eliminatória da Primeira Liga.
E o torcedor pensa, pelo 10º ano seguido: “Agora Vai”.

E quem merece os louros pelos acertos de 2017, que dão ao torcedor mais uma vez a esperança do acesso? Os mesmos que tomaram porrada em 2016. Se as críticas aos fracassos do ano passado foram diretamente para o presidente Leonardo Oliveira e sua diretoria (para os que sobraram, diga-se), os elogios são também para eles. Rodrigo Pastana e Wagner Lopes, assim como o elenco paranista, foram trazidos com o obrigatório aval da presidência.

Os primeiros resultados são excelentes. Numa mescla interessantíssima de juventude com experiência, o time evolui gradativamente e passa mais confiança ao torcedor a cada rodada. O resultado disso, além das vitórias e invencibilidade em casa, é a volta do torcedor. Ele é o termômetro da boa fase paranista.

Nunca é demais lembrar. Os times grandes e médios que foram rebaixados só conseguiram voltar para a Série A com o apoio irrestrito do torcedor. Estádios lotados, além de dinheiro em caixa, significam a unificação de energias, esforços e objetivos. Se os preços de ingressos e planos de sócios não são ideais, voltar para a elite vale qualquer esforço e a torcida precisa estar ao lado do time.

Os salários estão sendo pagos na medida do possível de uma realidade que há tempos assombra o clube. Se a situação ainda não é ideal, hoje os esforços são reais. A era das promessas, dos discursos vazios, parece ter acabado.

Mantendo coerência no discurso e salários em dia, resgatando ainda mais o torcedor e bancando o técnico Wagner Lopes numa eventual sequência ruim (isso é fundamental para dar ainda mais credibilidade ao planejamento da temporada), a diretoria atual pode encaminhar uma segunda metade de mandato muito melhor. Mais tranquila e, por que não, inesquecível com a comemoração do acesso ao final da árdua caminhada de 2017.

Oliveira tentou se eximir e preferiu culpar os problemas financeiros herdados para justificar um 2016 tão ruim, mas destacou que 2017 começou do jeito que ele e seu grupo haviam planejado para o ano passado. Desde o início o pensamento dá diretoria era a profissionalização do departamento de futebol. Mas, por conta dos inúmeros problemas que tínhamos para resolver, pagando uma série de dívidas, não pudemos dar esse passo no ano passado. Desta vez decidimos partir para um elenco mais barato, que nos permite bancar essa profissionalização, contratando o Pastana e trazendo também o Wagner, disse ele à coluna.

Apesar do bom início, Oliveira acredita que não se deve cometer o mesmo erro de 2016, quando, após um bom Paranaense, criou-se muita expectativa. Os resultados, como sabido, foram ruins. Sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer, buscando a composição de um elenco equilibrado e forte o suficiente para buscarmos uma campanha sólida no Brasileiro. Esperamos desta forma seguir com bons resultados, diferente do que ocorreu em 2016.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário.