SÉRGIO RANGEL, ENVIADO MONTEVIDÉU, URUGUAI (FOLHAPRESS) – A GL Events, uma das duas empresas interessadas em adquirir a participação da Odebrecht na concessão do estádio do Maracanã, anunciou nesta quinta-feira (23) que desistiu do negócio. Em nota, a empresa afirma que as negociações foram encerradas “por conta de não terem sido apresentadas garantias adequadas de segurança jurídica e contratual”.

Em fevereiro, a empresa já havia desistido da compra reclamando das exigências. Depois, porém, o grupo voltou atrás e se manteve na disputa até esta quinta-feira.

Responsável pela administração do centro de exposições Riocentro, a GL Events disputava com a francesa Lagardère o direito de comprar a participação da Odebrecht no estádio que recebeu a final da Copa do Mundo de 2014. Em 2013, a construtora venceu a licitação para administrar a arena por 35 anos. Agora, a Odebrecht tem na mesa de negociação apenas a proposta da Lagardère, que faz a operação de cerca de 60 estádios ao redor do mundo.

No comunicado em que anuncia a desistência, a empresa afirma que ainda tem interesse em administrar o Maracanã, mas que para isso seria necessária a realização de uma nova licitação. O governo do Rio, que vive grave crise financeira, não quer fazer uma nova concessão. O processo demoraria cerca de um ano e Estado teria que cobrir os custos do estádio nesse período.

A Odebrecht, envolta em uma crise econômica e de credibilidade devido às denúncias da Operação Lava Jato, anunciou que pretende sair da administração do estádio o mais rápido possível. A empresa alega um prejuízo de cerca de R$ 170 milhões desde que começou a operar a arena, em 2013. O Ministério Público do Rio cobra a devolução de R$ 198 milhões das três empresas (Odebrecht, Delta e Andrade Gutierrez) responsáveis pela reforma do Maracanã. O valor é apontado por auditoria do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio de Janeiro como o prejuízo da obra aos cofres públicos.

A reforma custou R$ 1,2 bilhão. Depois de pronto, a Odebrecht ganhou a licitação para explorar o estádio junto com a IMX, de Eike Batista, e a AEG, especializada em gestão de arenas esportivas. No pedido, os promotores citam a investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) que trata a planilha de custo da reforma do estádio como “mera peça de ficção”. Para os promotores, o processo licitatório também foi irregular e limitou a competição pelo excesso de exigências. Apenas dois de seis consórcios chegaram à fase final. O Fluminense acertou com a Odebrecht a realização do seu jogo de estreia na Copa Sul-Americana no estádio. No dia 5 de abril, a equipe tricolor do Rio vai enfrentar o Liverpool, do Uruguai.