NATÁLIA CANCIAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, afirma que novas mudanças na vacinação contra a febre amarela, como a possibilidade de extensão da vacina para crianças, estão em análise e devem passar a valer em 2018.
Conforme a reportagem publicou nesta quinta (23), há dois pontos principais em estudo.
O primeiro é a ampliação na área de recomendação permanente para a vacina, locais onde a imunização é indicada para a população e turistas que pretendem viajar para essas regiões. Hoje, essa área abrange 3.529 municípios.
Com o surto de febre amarela deste ano, porém, outros 177 municípios de Espírito Santo, Rio, São Paulo e Bahia passaram a ter recomendação temporária de vacinação.
Segundo ela, a expectativa é que esses municípios sejam incluídos na área de recomendação permanente. “Outras áreas também devem entrar, mas essa avaliação só conseguimos fazer ao final do surto”, afirma. “Espera-se que até o fim de maio ou começo de junho esse surto seja interrompido. E aí vamos ter maior clareza”, completa.
Outra mudança em estudo, como a Folha divulgou, é a possibilidade de oferecer a vacina em todo o país para crianças a partir de 9 meses, com uma segunda dose aplicada aos 4 anos. Com isso, a proteção estaria garantida por toda a vida.
“Hoje, 3.500 municípios fazem vacinação das crianças, aos 9 meses e 4 anos. Os outros 2.000 não fazem a vacinação de rotina no calendário. Qual a proposta do ministério? Fazer que em todo o Brasil a vacina de febre amarela passe a fazer tanto da área de recomendação quanto sem recomendação.”
Segundo a coordenadora de Imunizações, a decisão por incorporar a vacina para todas as crianças ainda depende, no entanto, de uma avaliação sobre o risco de efeitos adversos -que podem ocorrer caso a vacina seja aplicada em pessoas a quem não é recomendada, como aquelas com o sistema imunológico comprometido.
“Falta ainda avaliar o risco-benefício, pois estenderíamos para uma área que hoje não tem casos, e que temos que colocar na balança. O benefício é que, a longo prazo, podemos ter toda a população vacinada”, afirma.
Ainda segundo a coordenadora, outros Estados que já planejam incluir a vacina ainda neste ano podem fazê-lo caso adquiram as doses. É o caso de SP, por exemplo.
“Ele tem essa possibilidade [de iniciar antes], se conseguir comprar a vacina. Senão, tem que esperar a decisão do Ministério da Saúde, a menos que mude o cenário epidemiológico. Nossa proposta é fazer a vacinação [para essa faixa etária no país] em 2018”, afirma.
A previsão corre devido à necessidade de garantir que haja doses suficientes da vacina. Atualmente, o Ministério da Saúde negocia com o laboratório Bio-Manguinhos, da Fiocruz, a possibilidade de aumentar a produção para 70 milhões de doses por ano.
Ainda segundo ela, o governo deve lançar até o fim deste ano um sistema de registro com dados de cada pessoa vacinada e doses aplicadas. A ideia é que seja possível saber com maior precisão quais os municípios com menor cobertura vacinal entre a população e quais têm habitantes já vacinados em outros locais.