DAIGO OLIVA, EDITOR-ADJUNTO DE IMAGEM
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ainda que o Metallica concentre a maior parte do público mais velho desta primeira noite do Lollapalooza, uma outra banda norte-americana preencheu uma lacuna de quem cresceu nos anos 1990 e hoje está na faixa entre 30 e 40 anos.
Pela primeira vez no Brasil, o quarteto punk californiano Rancid fez um show competente de uma hora no palco Skol, no qual tocou músicas de todos os discos da carreira, com destaque para faixas do álbum “…And Out
Come the Wolves”, de 1995, que fez a cabeça de adolescentes que andavam de skate e frequentavam a Galeria do Rock, em São Paulo.
Com farta barba que o faz parecer o lendário político e cardiologista brasileiro Enéas Carneiro, Tim Armstrong, líder do grupo, apresentou a voz desgastada de sempre, compensada pela força do outro vocalista, o guitarrista Lars Frederiksen, e pela devoção do público que há décadas aguarda um show do Rancid no Brasil.
A mistura de punk, hardcore, ska e reggae, que já rendeu ao quarteto comparações com o Clash, fez da banda, ao lado do Green Day, uma influência para diversos grupos surgidos no final da década de 1990.
“Time Bomb”, “Roots Radicals”, “Radio”, “Salvation”, “Bloodclot” e muitas outras foram cantadas com empolgação pelo público da banda.
QUINTETO DO KENTUCKY
Empolgação, no entanto, foi muito mais constante durante o show do Cage the Elephant, quinteto roqueiro do Estado de Kentucky, que veio pela terceira vez ao Lollapalooza brasileiro.
Populista sem nenhum pingo de vergonha, o vocalista Matt Shultz mergulhou diversas vezes na plateia, ostentou uma bandeira brasileira no palco (com um smile de ponta cabeça no lugar de “ordem e progresso”) e fez declarações de amor ao país. Ao final da apresentação, já sem camisa, escalou uma das estruturas de ferro do evento, o que fez o público derreter.
Com influências de blues e garage -o último disco da banda, “Tell Me I’m Pretty”, foi produzido por Dan Auerbach, do Black Keys-, a banda tocou hits como “Cold Cold Cold” e “Come a Little Closer”, todas cantadas pelo público com muito fervor.
Enquanto o Cage the Elephant parece ser uma banda perfeita para tocar no Lollapalooza, o Rancid, cujos fãs torceram o nariz para um festival de escalação mais heterogênea, teria tido sorte melhor se fizesse o seu primeiro show no Brasil em uma casa de shows menor e sem a companhia de outras bandas.