Ontem refleti bastante sobre o significado da palavra bondade. Percebo que muitos pais e mães estão desprezando esse ensinamento aos filhos. Pague com a mesma moeda, eles dizem. Se bateu, bata de volta; se não deu bom presente no seu aniversário, não dê você um bom presente no dele. Enfim, o revidar tem sido estimulado no cotidiano pelos próprios educadores, que sempre foram os pais.

Leio muito nas redes sociais coisas como: Não confunda meu caráter com minhas atitudes. Meu caráter é quem eu escolhi ser; minhas atitudes dependem de quem tu és. Bem, se eu dependo do outro para expressar meu caráter, sou apenas um ator ou atriz representando um papel. Aquele que apenas retribui à medida que recebe não pode ser considerado uma pessoa bondosa.

Penso que a humanidade já viveu momentos intensos de ódio ao seu semelhante; basta folhearmos as páginas dos livros de histórias e isso se revelará. Mas não buscamos tanto a evolução, a igualdade, o respeito à diversidade? O mundo deveria, a meu ver, servir-se mais da bondade. Sem esta, a justiça se torna vingança. A democracia se torna via de favores, e a paz se revela apenas na aparência. Como um garotinho ao ser repreendido pelo pai: Senta-te, menino!, num restaurante, respondeu: Por fora estou sentado, mas por dentro estou de pé.

Ser bom a um filho ou filha e ensinar-lhe a prática da bondade é um caminho que nos garantirá uma qualidade de vida maior e melhor nas futuras gerações, que pregam na atualidade frases como: Eu farei o que o outro me fará. E o grande perigo dessa prática é se deparar com os maus, e transformar a vida numa setença que privilegia o ódio e a prática da maldade. Quem revida o mal, fere o amor na essência e cria guetos do outro lado do rio aquele lado que não concorda com o egomaníaco, que só entende o que for bom e agradável para si. E amar é justamente filtrar toda a sujeira que recebemos e devolver água limpa ao sedento.

Penso que essa sede grudada na garganta da humanidade nunca será saciada enquanto todos olharem para a fonte e acreditarem que é exclusiva desta a obrigação de verter água pura e potável. Pode até ser, mas o curso da água correrá por longo caminho, estando exposto a todo tipo de sujeira. E a bondade servirá de filtro para reter aquilo que adoecerá o corpo e a alma. A bondade é a higiene que não se vê, em contraste aos males que matam mais que qualquer bactéria identificada nas lâminas dos laboratórios, sob a ótica da mais alta tecnologia. Ser bom está ao alcance de todos. Receber antibiótico eficaz dos laboratórios, nem sempre.

Zia Stuhaug é brasileira e norueguesa. Bacharel em Administração pela Universidade Estadual de Maringá especializou-se em Administração e Gestão de Pessoas pela Universidade Federal do Paraná. É escritora infanto juvenil bilíngue (português e norueguês)